Terminava a sétima jornada e a Académica era última classificada do campeonato com apenas três pontos e sem nenhuma vitória. Uma derrota caseira com o Marítimo custou o lugar a Rogério Gonçalves e, para o seu lugar, a Briosa foi buscar o jovem e promissor André Villas-Boas, ex-membro da equipa técnica de José Mourinho.
O primeiro encontro do novo técnico dos estudantes teve lugar nem menos no Estádio do Dragão, equipa da qual Villas-Boas era um adepto confesso. Na Invicta, o tetracampeão seguia no terceiro lugar a cinco pontos de um surpreendente SC Braga, líder isolado da prova.
Jesualdo Ferreira parecia não conseguir motivar a equipa e o jogo com Académica era visto como uma boa oportunidade dos azuis-e-brancos relançarem a candidatura ao penta, com uma vitória clara sobre o último classificado.
Ao lado da «cadeira de sonho»
Quando Villas-Boas entrou no Dragão, certamente olhou o banco do FC Porto, a sua "cadeira de sonho", seguro do que o que se passasse nesse dia teria um papel fundamental na sua carreira e na concretização do sonho de orientar o FC Porto.
Costuma dizer-se que a primeira imagem é a que conta e que fica para sempre e, ciente disso, Villas-Boas armou uma equipa que surpreendeu pela forma desassombrada como olhou o dragão nos olhos.
Na primeira parte, a dupla de centrais Orlando e Markus Berger secou a dupla avançada do FC Porto, Falcao e Hulk.
Seria só com a substituição do "Cebolla" Rodríguez por Ernesto Farias aos 57 minutos que o jogo do FC Porto viria a transformar-se. O primeiro golo surgiu aos 65 minutos por intermédio de Mariano González. Três minutos depois, Farias fez o 2x0 e o jogo parecia decidido. Mas Villas-Boas reagiu e lançou Miguel Pedro que fez o 2x1 a 15 minutos do final.
O avançado argentino do Porto bisou aos 81 minutos, mas a Académica ainda reduziu aos 92' por Sougou. Até ao fim, o espectro da surpresa pairou sobre o Dragão, com os adeptos receando o empate ao mesmo tempo que apreciavam a postura desassombrada do adversário.
Sem surpresa, a abordagem táctica de Villas-Boas caiu no goto do tribunal do Dragão e despertou o radar da estrutura portista. A Académica de Villas-Boas recuperou na tabela até chegar ao 11.º lugar, terminando dez lugares acima da linha d'água.
No Porto, Jesualdo Ferreira não resistiu a uma má época e a um terceiro lugar, abandonando o clube no final da época. Para o seu lugar chegou... Villas-Boas, que se sentou na tão sonhada "cadeira de sonho". O resto é uma história que os portistas não esquecem...
3-2 | ||
Mariano González 65' Ernesto Farías 68' 82' | Miguel Pedro 76' Modou Sougou 90' |