Regressos desejados

O SC Braga parece ter encontrado um caminho que o leve à retoma de um percurso de sucesso, como parecem indiciar os últimos resultados desportivos. A seguir às noites de pesadelo em que se transformaram a visita aos leões e a receção europeia ao Qarabag, os Gverreiros do Minho venceram o Farense, num contexto de dificuldade que ilustrou bem o momento desportivo da equipa mas que permitiu uma melhor preparação da visita ao Azerbaijão, ainda que esta, na prática, nada tenha trazido de bom, uma vez que a eliminação foi confirmada, apesar do triunfo obtido que de nada valeu no global, a não ser um acréscimo de pontos para o ranking de Portugal. Entretanto, começaram a reaparecer na equipa jogadores importantes, cujas ausências eram bastante notadas. Apesar do triunfo, a noite terminou de modo triste, pelo facto de a equipa não ter conseguido manter-se nas provas europeias, sentimento que alastrou aos adeptos, num claro sinal de crescimento bracarense, bem distante daquele Braguinha de outros tempos, felizmente. A exigência atual é um sinal de desenvolvimento de um projeto de vários anos, em que a sua existência deve permitir retirar as coisas boas que ele encerra.

O regresso à liga portuguesa aconteceu no Bessa, onde aconteceu a maior goleada de sempre conseguida naquele estádio, ao nível do escalão principal. O plantel estava, agora, com mais opções disponíveis, o que se notou na qualidade apresentada em campo, uma vez que é muito positivo constituir um onze inicial forte e, ao mesmo tempo, olhar para as alternativas disponíveis no banco e, com elas, tentar mudar o rumo das coisas, ou, no limite, reforçar o que de bom está a ser feito no retângulo de jogo. São, certamente, regressos desejados, em pleno a tender para isso, de jogadores como Ricardo Horta, Bruma ou Banza, que voltam a conferir maior poder de fogo no Arsenal do Minho. No fim da noite fria, no reduto da pantera, fica um triunfo esclarecedor, que eleva os níveis de confiança bracarense e aumenta as dívidas axadrezadas na luta titânica que deve acontecer para atingir a manutenção, que contrasta largamente com aquele início fulgurante dos boavisteiros.

Hoje há novo capítulo para escrever no guião desta temporada, com a receção ao Estrela da Amadora. Trata-se de uma nova oportunidade de a equipa se desafiar e voltar a responder positivamente perante os seus adeptos, acalmando um pouco a turbulência recentemente vivida na Legião. Uma nota final para o fim da aventura europeia do SC Braga na Youth League, depois de um percurso que deve honrar o grupo de trabalho, mas também os adeptos braguistas. O termo das provas europeias aconteceu em Milão, no desempate por pontapés da marca de grande penalidade, uma vez que, no tempo regulamentar, se registou um empate a dois golos, que castigou a melhor equipa e premiou a que menos mereceria. O futebol é isto também e muitas são as vezes em que os resultados são cruéis, como neste caso, ainda que permaneça o orgulho brácaro do percurso efetuado. Esta equipa não perdeu nenhum duelo e cresceu muito com a competição internacional realizada, tanto coletiva como individualmente, como se deseja nas equipas de formação. Note-se que a eliminatória se decidiu a uma só mão, disputada no terreno de um dos intervenientes, neste caso em Itália, não deixando margem de correção à equipa que não segue em frente, algo que deve fazer refletir as entidades responsáveis pela organização deste torneio europeu do futebol mais jovem sobre o modelo em vigor.

Pelo que de bom foi conseguido pelos jovens Gverreiros do Minho, apetece para frasear o speaker bracarense escrevendo “Viva o Sporting Clube de Braga”, desta vez sem multa garantidamente, uma vez que por aqui ainda existe liberdade de expressão, ao contrário das provas organizadas pelo Liga Portugal, ou pela FPF, onde a insensatez na aplicação de multas por motivos fúteis chega a roçar o ridículo.