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Campo Pelado
Pedro Jorge da Cunha

Luis Díaz: as provas de um negócio incompetente

2022/02/01
E8
«Campo Pelado» é o espaço de opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Uma homenagem ao futebol mais puro, mais natural, onde o prazer da camaradagem é a única voz de comando. «Campo Pelado».
«Como existe pouco planeamento ou não há, temos de rever esses mesmos objetivos.»
Sérgio Conceição, 30 de janeiro de 2022
«Como existe pouco planeamento ou não há, temos de rever esses mesmos objetivos.»
Sérgio Conceição, 30 de janeiro de 2022
«Como existe pouco planeamento, ou não há, temos de rever os objetivos.»
Sérgio Conceição, 30 de janeiro de 2022
 
Comissões, mais-valias, mecanismo de solidariedade, partilha dos direitos desportivos. Ora, dois vezes quatro igual a oito, subtrair sete, multiplicar por cinco e, sim senhor, temos negócio. 
 
No trono do presidente da SAD, e da entourage que o rodeia, o futebol é a máquina de fazer e desfazer dinheiro, de salivar a ponta dos dedos para contar notas e partilhar lucros. Mesmo quando eles não existem. 
 
Para estas mentes, o sucesso desportivo, as vitórias e a alegria genuína do povo são pontos subalternos numa cadeia alimentar que não poupa ninguém. Nem o melhor futebolista do plantel. 
 
Vem a reflexão a propósito da venda apressada e atabalhoada de Luis Díaz. Sim, o craque que fazia a diferença, o homem que desbloqueava jogos e deixava o FC Porto um bocadinho mais perto de ser campeão nacional. 
 
O modelo de gestão da SAD azul e branca é um chorrilho de pecados e erros primários. Um logro. O rol de decisões estapafúrdias, e financeiramente castradoras, é de tal ordem assustador que conduziu o clube a este beco sem saída: ou vendia Díaz já em janeiro ou não havia liquidez para saldar dívidas prementes com a UEFA (recorro ao O Jogo, publicação normalmente bem informada sobre a vida interna do clube). 
 
Os 45+15 milhões são uma ilusão, como foram há anos os 120 milhões de João Félix na casa da Luz. Contas feitas, e descontando todos os pedacinhos que o primeiro parágrafo elenca, nos cofres da SAD entrarão pouco mais de 30 milhões de euros. Uma pechincha.  
 
Ninguém na estrutura do FC Porto achou por bem investir nos 20 por cento de Díaz que ainda pertenciam ao Junior Barranquilla? Não.
 
Nenhuma alma próxima ao presidente o alertou para as palavras (públicas) do seu administrador financeiro em janeiro de 2016, logo após a venda à PT/Altice dos direitos televisivos do clube por 457,5 milhões de euros? Não. 
 
«A partir de agora podemos vir a deixar de ter de tomar decisões sob pressão. O negócio permite gerir o clube de outra forma, mais objetiva económica e financeiramente e sem estar tão dependente dos ganhos ocasionais em janeiro e no final da época.»
 
Seis anos depois, é já seguro afirmar que Fernando Gomes se enganou e, indiretamente, enganou os portistas. Além de ter havido a necessidade de antecipar grande parte da milionária verba, o clube chega a este ponto sem retorno: vender a estrela da companhia para poder cumprir com obrigações financeiras urgentes. Inaceitável. 
 
Volto ao desabafo de Sérgio Conceição: não há planeamento, há desenrasque; não há estratégia, há o salve-se quem e como puder. No meio disto tudo, salvam-se o treinador, equipa técnica, futebolistas e staff do plantel profissional.
 
É um milagre que em janeiro de 2022 o FC Porto consiga ser a mais capaz e competitiva equipa do futebol português. 
 
PS1: o regresso de Galeno ao FC Porto. Saiu por 3,5 milhões de euros, voltou por nove. E nem me pronuncio sobre as percentagens dos direitos económicos e desportivos, pois os comunicados dos dois clubes sobre a transferência não batem certo. Sai o génio Díaz, entra um atleta fortíssimo em alguns aspetos - velocidade, aceleração, remate - e péssimo noutros - decisão, estabilidade emocional. 
 
PS2: acabo como comecei. Comissões, mais-valias, mecanismo de solidariedade, partilha dos direitos desportivos. Alguém nos dê uma lição de contabilidade, porque isto de futebol já tem muito pouco. Desisti de perceber.
 
* Chefe de Redação do zerozero  
 
 
«Como existe pouco planeamento ou não há, temos de rever esses mesmos objetivos.»
Sérgio Conceição, 30 de janeiro de 2022nceição, 30 de janeiro de 2022


Comentários

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motivo:
LM
É fácil. . .
2022-02-06 15h30m por lmanuel
Dizer mal. É muito fácil.
Entender o que se passa é mais difícil. E não ao alcance de qualquer um.
É preciso querer entender de finanças e contabilidade para se entender o problema.
Se não se quer entender, não há como.
A competição pelo sensacionalismo das tiradas que se escrevem, dita que é mais importante chocar do que entender e explicar. Nada como gritar "ao ponto a que se chegou" para conquistar a atenção que se quer (de que se precisa?).
Olhar ...ler comentário completo »
JS
Excelente artigo . . . Muitos parabéns . . .
2022-02-01 17h21m por jsilva77
. . . Mas atenção que é artigo para ser contestado por muitos daqueles que congelaram nos anos gloriosos do FCPorto e que apontam o dedo a quem quer que o clube tenha um rumo e que aponte para um política desportiva que o leva e uma política financeira sustentável . . . Falamos de Diaz, que foi vendido como foi . . . Falamos desta compra de Galeno, que foi o que foi . . . Mas já nos interrogamos sobre o Vitinha que queríamos praticamente oferecer ao Wolves, e estivemos até ao último dia à...ler comentário completo »
MA
SC
2022-02-01 17h02m por malavikaisback
Tanto critiquei o homem, e quera-o fora do clube, pelo paupérrimo futebol de outras épocas. Tenho que admitir que me calou, e muito. A equipa joga agora um futebol bonito de se ver e bastante eficaz. Há que dar o braço a torcer. SC melhorou muito.

Já a SAD é outra história. Fernando Gomes, PDC e seus capangas estão há muito a mais no clube, e devem sair imediatamente. Por culpa deles estamos na situação financeira mais catastrófica que alguma vez me lembro. . . mesmo comparando com o tempo das penhoras.
O Milagre tem nome,
2022-02-01 16h52m por EspecialistaDaBola
"É um milagre que em janeiro de 2022 o FC Porto consiga ser a mais capaz e competitiva equipa do futebol português. "

O milagre tem um nome. Chama-se Sérgio Conceição. Que entre gritos, fúrias, decisões discutíveis, equivocos entre o Wendell e o Zaidu ou entre o Manafá e o Corona, é sem dúvida o herói que leva às costas o clube e a inútil direção sentada em cima dele.

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