Milão tem dois palcos de renome mundial: o celebrado La Scala, casa do Bel Canto, palco sagrado da Ópera, onde sobre as suas tábuas cantaram os grandes como Caruso ou Callas; e o majestoso San Siro, oficialmente batizado como Giuseppe Meazza, casa do Milan e do Inter, os dois gigantes da capital da Lombardia.
Na vizinhança do Hipódromo
Ainda no século XIX San Siro era um pequeno arrabalde agrícola de Milão, situado nas margens do rio Olona. O centro da pequena aldeia ficava onde hoje se encontra a Praça Lotto, perto da qual ficava a Igreja de San Siro alla Vepra.
Durante a segunda metade de Novecentos, Milão cresceu como um dos grandes centros industriais da Itália e após a reunificação do país, tornou-se numa das suas cidades mais importantes.
Casa do ##Milan
Durante esses anos, do fascismo italiano (1), o ##Internazionale jogava na histórica Arena Civica, o palco principal da cidade, mais aristocrático, imponente. O Milan queria um estádio seu, sem pista de atletismo ou ciclismo, só um relvado de futebol e bancadas, o que permitia mais proximidade entre os adeptos e os jogadores, tal e qual acontecia em Inglaterra. San Siro cumpria esse desejo.
A 19 de setembro o Milan enfrentou o ##Inter na abertura do estádio. Os visitantes venceram por 3x6 e celebraram a primeira vitória interista sobre o Milan na primeira edição do Derby della Madonnina em San Siro.
Nos anos seguintes o estádio sofreu um aumento de lotação e em 1939, com o aumento das cabeceiras, a Itália empatou com a Inglaterra a duas bolas perante um recorde de 55 mil espetadores.
Um ano depois, apesar do conflito que grassava na Europa, a Itália recebeu a sua aliada Alemanha num jogo presenciado por 65 mil pessoas.
Casa dividida
Terminada a Segunda Guerra Mundial, com a Itália e a Alemanha derrotadas, o país teve que reerguer-se. San Siro tornara-se efetivamente propriedade da Comuna de Milão (2) e em 1947 o Milan passou a dividir com o Inter a utilização do espaço.
Durante anos o estádio continuou a ver a sua lotação aumentada até atingir uns impressionantes cem mil lugares. Por motivos de segurança, a lotação seria encurtada para 85 mil lugares já durante os anos oitenta. Precisamente em 1980 San Siro passa a ter denominação oficial de Stadio Giuseppe Meazza, para homenagear a memória do craque milanês, jogador tanto do Inter como do Milan, bicampeão mundial pela Itália em 1934 e 1938.
O Argentina x Camarões, jogo de abertura da competição, teve lugar precisamente no Giuseppe Meazza. No pontapé de saída, os africanos liderados por Roger Milla surpreenderam o mundo e bateram a Argentina de Maradona, graças ao golo solitário de François Omam-Biyik.
Seguiram-se os três jogos da Alemanha Federal na fase de grupos: Emirados Árabes Unidos, Colômbia e Jugoslávia, e ainda as vitórias alemãs ocidentais nos oitavos-de-final (Holanda) e nos quartos-de-final (Checoslováquia). San Siro teve um papel fundamental na caminhada germânica para a vitória final no Campeonato do Mundo, e para esse sucesso muito contribuiu o trio germânico que vestia a camisola do Internazionale: Lothar Mätthaus, Andreas Brehme e Jürgen Klinsmann, que nos oitavos tinha eliminado outro trio milanês, os três holandeses do Milan: Marco van Basten, Frank Rijkaard e Ruud Gullit.
Finais europeias
Além do Mundial, San Siro recebeu diversas finais da Taça e da Liga dos Campeões. A primeira em 1965 na vitória do Inter sobre o Benfica. Em 1970 o Feyenoord bateu o Celtic e já em 2001 o Bayern venceu o Valencia, 15 anos depois a grande final voltou ao Giuseppe Meazza.
Na Taça UEFA (hoja Liga Europa) o estádio recebeu duas finais quando a final era disputada a duas mãos. Nessas duas finais o Inter defrontou a Roma e o Casino Salzburgo. Em 1995 a Juventus usou o estádio em vez do Dell'Alpi para defrontar o Parma na final da competição.
Durante o novo milénio o estádio perdeu alguma lotação, ganhando em conforto, recebendo as cinco estrelas da UEFA para estádios de elite.
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(1) Durou entre 1922 e 1943 sob a liderança de Benito Mussolini.
(2) Autoridade municipal da cidade.