Há um «antes de Cristo» e um «depois de Cristo» na História do
Belenenses. Esse momento, chegou no dia 24 de Abril de 1955. Era um dia de sol, o ambiente era de festa, os adeptos belenenses enchiam as bancadas das Salésias em forte apoio ao Belém. O jogo corria de feição. Os azuis venciam o tetracampeão
Sporting por 2x1. Os leões jogavam apenas pelo orgulho, já que não tinham possibilidades matemáticas de serem campeões, ao contrário do
Benfica que podia ser campeão se os azuis escorregassem.
Começavam a estoirar foguetes no ar, quando a quatro minutos do fim, o leão Martins restabelece o empate a dois. Pouco depois termina a partida e acaba o sonho dos de Belém. O avançado leonino chora e pede desculpas a Carlos Silva pelo golo que acabara de marcar. Os azuis choram copiosamente,
Matateu inconsolável, lembrava o remate que ele jurava que tinha ultrapassado a linha de golo e que seria o 3-1.
Artur José Pereira, o primeiro grande jogador do futebol lusitano, consideraro o melhor jogador português até aos anos 30, fora um dos pioneiros que acompanhara o Sport Lisboa para Carnide, e que mais tarde jogara no
Sporting. Sonhava em criar um clube em Belém, para o bairro e para as suas gentes. Jogava então de leão ao peito, mas em Belém tantos o ouviam lamentar-se:
“Somos todos de Belém, porque havemos de jogar pelos ’outros’?"
O Clube de Futebol «os
Belenenses» nascia a 23 de Setembro de 1919, num banco de jardim em frente ao Palácio de Belém, junto da estatua de Afonso de Albuquerque.
Belém tinha sido o berço do Sport Lisboa, e como seria de esperar, os belenenses eram na sua esmagadora maioria adeptos do
Benfica. Mas com o surgimento do novo clube, e seguindo a estrela de Artur José Pereira, rapidamente o
Belenenses tornou-se no clube mais amado da zona.
Os primeiros anos foram de sucessos discretos, mas em 1925/26 surgia o primeiro Campeonato de Lisboa. No ano seguinte conquistava-se o primeiro campeonato de
Portugal. Os títulos surgiam em catadupa... Campeão lisboeta em 1929 e 1930, vencedor do Campeonato de
Portugal novamente em 1929, os azuis rivalizavam com
Sporting,
Benfica e
FC Porto pela supremacia do futebol nacional.
Ao contrário dos seus rivais, os de Belém mantiveram sempre um contacto apertado com as gentes do seu bairro, ao ponto de se tornar um hábito no clube soltar pombos-correios no final de cada partida disputada fora, com o intuito de avisar os adeptos que não tinham acompanhado a equipa.
Em 1928 os azuis trocavam o velhinho e desactualizado Campo do Pau do Fio pelo Campo das Salésias, que seria a casa do período áureo do futebol dos da Cruz de Cristo.
Três anos mais tarde a tragédia abateu-se sobre o clube, quando José Manuel Soares, conhecido no mundo do futebol como
Pepe, a grande estrela do clube e do futebol português de então, prematuramente perdeu a vida.
Com apenas 23 anos, falecia a mais cintilante estrela do clube, titular indiscutível da selecção e que estivera na célebre presença nacional nos Jogos Olímpicos de 1928, um jogador que já arrastava multidões atrás de si, só para vê-lo jogar.
Foi construído nas Salésias um busto, mais tarde trasladado para o Restelo, onde o
FC Porto deixa sempre uma coroa de flores em honra da sua memória sempre que visita o
Belenenses, em agradecimento os lisboetas entram em campo com uma bandeira portista sempre que visitam o reduto do dragão.
Depois do adeus de
Pepe, os títulos regressaram em 1932 (Campeonato de Lisboa) e 1933 (Campeonato de
Portugal) e o
Belenenses manteve-se sempre no topo do futebol nacional discutindo os troféus.
As Torres de Belém
Depois da Taça de
Portugal conquistada com brilho em 1942, aos azuis só faltava conquistar o Campeonato da 1ª Divisão. A glória chegaria por fim em 1946.
Era uma equipa que ficou na história do
Belenenses e do futebol nacional: Capela na baliza, guardado pelas Torres de Belém, Feliciano e Vasco, cada uma mais imponente que a outra; o miolo era composto por Amaro, Mário Gomes e Serafim; na frente um quinteto de luxo: José Pedro, Armando, Rafael, Quaresma e Andrade.
Era o tempo dos «quinze minutos à
Belenenses», em que os adeptos apitavam, tocavam cornetas e levavam a equipa em ombros a dar a volta ao resultado.
E como era hábito, também aconteceu na última jornada de 1946, com Quaresma a empatar o jogo com o SL Elvas aos 75 minutos e a vitória a chegar apenas cinco minutos depois, através de Rafael.
A festa foi azul e no relvado das Salésias houve sorrisos, abraços, lágrimas, depois de muito suor e sangue ter sido derramado nessa época. Não havia dúvidas, o Belém era campeão nacional!
Matateu
Durante o resto da década e na seguinte o Belém seguiu o seu caminho, discutindo com os outros três grandes a supremacia do futebol nacional, mas não conseguindo disfarçar um certo declínio. Mas em 1947, como prova do enorme prestígio do clube, o
Belenenses é convidado para a inauguração do Estádio de Chamartin (actual Santiago Bernabéu) em
Madrid.
Em 1952 começava a jogar de
Cruz de Cristo ao peito um jovem oriundo de Moçambique: Sebastião Lucas da Fonseca,
Matateu. Num período em que o
Sporting dominava o futebol nacional com os seus
violinos,
Matateu tornou-se um caso sério, sendo referência do clube, mas também da própria selecção. Entre os «violinos»`e a meteórica ascensão de Eusébio,
Matateu era indubitavelmente o melhor jogador português do seu tempo.
Após o fracasso no Campeonato de 1955, o tal que Martins roubou nos últimos minutos, o
Benfica cedeu ao
Belenenses o direito de participação na Taça de Latina, contudo os azuis acabaram na última posição, após derrotas com
Real Madrid e AC
Milan.
No ano seguinte, novo passo marcante para os azuis. O adeus às Salésias e a mudança para o novo Estádio do Restelo, à época, considerado o mais bonito de
Portugal.
Os novos do Restelo
Por coincidência, ou não, a mudança para o Restelo marca o fim do período de glória azul. Duas Taças de
Portugal conquistadas em 1960 e 1989, são fraco pecúlio para um clube que tinha habituado os seus adeptos a grandes sucessos e que durante todos esses anos, apenas por duas vezes tinha ficado abaixo dos cinco primeiros lugares da classificação. Depois, até 1982 e à primeira descida de divisão, apenas por duas vezes: 1972 (2º) e 1976 (3º) o
Belenenses conseguiria um lugar acima do quinto lugar.
A verdade é que o prestígio não se perde de um dia para o outro, e como prova disso, em 1972 o Belém é o convidado de honra para as bodas de prata do Chamartin e desta vez com um reforço de peso: o benfiquista e estrela do futebol português, Eusébio da Silva Ferreira, «emprestado» para a festa.
Seria apenas nos anos 80, após alguns anos menos conseguidos que o Belém desceu à II Divisão pela primeira vez. Duraria apenas duas épocas o inferno e o clube parecia ter renascido quando se qualifica para a final da Taça em 1986, chega ao 3º lugar em 1988 e volta a conquistar a Taça em 1989, batendo o
Benfica no Jamor por 2x1.
Mas após seis anos sempre na primeira metade da tabela, uma época para esquecer e um 19º lugar custam uma nova despromoção em 1991, iniciando um novo período de menos furor dos de Belém, onde só o 5º lugar em 2007 e a presença no Jamor (derrota com o
Sporting por 0x1) merecem destaque.
Depois de 3 anos a disputar o 2º escalão português, o
Belenenses consegue na temporada 12/13 nova subida ao principal campeonato português, onde garante a permanência com relativa facilidade, garantindo uma histórica qualificação para a fase de Grupos da Liga Europa, depois de eliminar os austríacos do Altach e os suecos do
IFK Göteborg.
Comandados por Sá Pinto os azuis voltaram a um palco que bem conhecem, onde em tempos fizeram furor ora vencendo, ora vendendo cara a derrota contra adversários temíveis como o
Bayer Leverkusen, o
Monaco, o
Barcelona ou o
Bayern.
O Clube de Futebol «os
Belenenses»» nascia a 23 de Setembro de 1923, num banco de Jardim em frente ao Palácio de Belém, junto da estatua de Afonso de Albuquerque.
Belém tinha sido o berço do Sport Lisboa, e como tal, os belenenses eram na sua esmagadora maioria, adeptos do
Benfica. Mas com o surgimento do novo clube, e seguindo a estrela de Artur José Pereira, rapidamente o
Belenenses, tornou-se no clube mais amado da zona.
Os primeiros anos foram de sucessos discretos, mas em 1925/26 surgia o primeiro Campeonato de Lisboa. No ano seguinte conquistava o primeiro campeonato de
Portugal.
Os títulos surgiam em catadupa. Campeão lisboeta em 1929 e 1930, vencedor do Campeonato de
Portugal novamente em 1929, os azuis rivalizavam com
Sporting,
Benfica e Porto pela supremacia do futebol nacional.
Ao contrário dos seus rivais, os de Belém mantiveram sempre um contacto apertado com as gentes do seu bairro, ao ponto de se tornar um hábito no clube, soltar pombos-correios no final de cada partida disputada fora para avisar os adeptos belenenses que não tinham acompanhado a equipa.
Em 1928, os azuis trocavam o velhinho e desactualizado Campo do Pau do Fio pelas Salésias, que seria a casa do período áureo do futebol dos da Cruz de Cristo.
Três anos mais tarde a tragédia abateu-se sobre o clube, quando faleceu
Pepe, a grande estrela do clube e do futebol português nos primeiros anos dos anos 30.
Com 23 anos, falecia a mais cintilante estrela do clube, titular indiscutível da selecção, que arrastava já multidões atrás de si, só para vê-lo jogar.
Foi construído nas Salésias um busto, mais tarde trasladado para o Restelo, e onde o
FC Porto deixa sempre uma coroa de flores em honra da sua memória quando defronta o
Belenenses em Belém.
Os títulos regressaram em 1932 (Campeonato de Lisboa) e 1933 (Campeonato de
Portugal) e o
Belenenses manteve-se sempre no topo do futebol nacional discutindo os troféus.
As Torres de Belém
Depois da Taça de
Portugal conquistada em 1942, aos azuis só faltava conquistar o Campeonato da 1ª Divisão. A glória chegaria por fim em 1946.
Era uma