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História da Edição

Coreia/Japão 2002

Texto por Filipe Ferreira
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Pela primeira vez na História do Campeonato do Mundo de Futebol, a FIFA decidiu permitir uma inédita organização conjunta da prova, com a honra a caber à República da Coreia e ao Japão. Num mundial disputado «fora de horas» no que aos europeus diz respeito - nunca as «manhãs» e a hora de almoço foram tão interessantes para os amantes do futebol - várias foram as surpresas e as desilusões ao longo da prova.

Surpresas podem-se apontar a carreira do Senegal, mas principalmente da Turquia e da Coreia. Ao invés, seleções como a França (campeã do mundo em título), a Argentina e Portugal, não tem boas recordações do Mundial ganho pelo Brasil de Luis Felipe Scolari, Ronaldo e Ronaldinho.

Fase de Grupos

Surpresa das surpresas foi a participação da França no Mundial 2002. Com uma equipa recheada de grandes nomes, os gauleses despediram-se na Fase de Grupos, com o vergonhoso registo de 3 jogos, 0 Vitórias, 0 golos marcados, e 1 ponto. Se para qualquer seleção estes não são números apresentáveis, quanto mais para um Campeão do Mundo em título? A forma física das principais figuras dos «azuis» foi apontada como a principal razão para tal descalabro.

Mas se a França não prosseguiu em prova para os Oitavos de Final, o mesmo se pode dizer da Argentina. A Argentina, talvez a principal favorita juntamente com o Brasil para a conquista do troféu, não conseguiu o apuramento no Grupo F, ficando atrás da Suécia e da Inglaterra. Os nórdicos conseguiram o apuramento sem derrotas no grupo mais equilibrado de todos os 8 que constituem a fase de grupos do Mundial. Suécia e Inglaterra carimbaram o passaporte, deixando pelo caminho Argentina e Nigéria.

De destacar também o grupo H, onde o Japão exibiu os galões de país organizador, e deixou de fora da prova a Rússia e a Tunísia, conquistando o primeiro lugar do Grupo à frente da Bélgica.

Mas se grandes nomes ficaram pelo caminho, um dos principais - a crítica indicava-os como candidatos a candidatos - foi a «Seleção das Quinas». Depois de um estágio muito criticado em Macau, os comandados de António Oliveira chegavam ao período da competição com legítimas esperanças de conseguir o apuramento na fase de grupos. Os nomes estavam lá: Figo, Rui Costa, Fernando Couto, João Pinto... Na baliza Vítor Baía recuperava um lugar que tinha sido seu, mas que uma lesão o tinha retirado. Ricardo tinha feito toda a fase de Qualificação, mas sobre a meta viu Baía conquistar a titularidade depois da recuperação da lesão. Era a primeira polémica da participação lusa.

Portugal, à medida que os jogos iam decorrendo, mostrava uma deficiente condição física. Figo, a principal estrela da companhia, estaria a cerca de 30-40%. Portugal iniciava a participação na prova com uma surpreendente derrota por 2-3 frente aos Estados Unidos, mas a vitória por 4-0 sobre a Polónia fazia crer que tudo afinal estava a voltar aos eixos, e que o apuramento seria conquistado na última partida. Puro engano!

No dia 14 de junho de 2002, o País reunia-se à hora de almoço para ver a sua seleção defrontar um co-organizador, a Rep. Coreia. Um empate bastava para seguir em frente, e Portugal parecia confortável com essa situação. Porém, a Coreia marca um golo, e não fosse o bastante, os jogadores lusos perdem a cabeça, e João Pinto chega mesmo a agredir o árbitro da partida com um soco no estômago, recebendo a natural ordem de expulsão. Era o fim da carreira de um dos «meninos de ouro» da Seleção Nacional.

Portugal via-se fora do Mundial, e as críticas foram mais que muitas. As esperanças legítimas de um povo, desvaneciam-se por completo.

Oitavos de Final

Turquia e Rep. Coreia prosseguiam a sua brilhante participação na prova com vitórias respetivamente sobre o Japão e sobre a Itália. O jogo entre a Rep. Coreia e a Itália ficou claramente marcada por erros inadmissíveis da equipa da arbitragem que prejudicaram claramente os transalpinos. A equipa da casa parecia protegida pelos Deuses no que à arbitragem diz respeito.

Nos outros jogos poucas surpresas, destacando-se apenas a vitória do Senegal sobre a Suécia, depois de uma excelente campanha dos nórdicos na Fase de Grupos.

Quartos de Final

O jogo de maior cartaz era o Inglaterra - Brasil. Os comandados de Scolari, optando por uma escola mais europeia, iam-se assumindo como os mais fortes candidatos (que alívio ver longe adversários como a França e Argentina), e levaram de vencida a Inglaterra por 2-1 com um golo de Ronaldinho em que David Seaman poderia ter feito algo mais. Nos restantes jogos refira-se um novo caso envolvendo a arbitragem e a equipa da casa, a Rep. Coreia. Mais erros estranhos, novos golos anulados, e desta feita mais um rol de protestos vindo do seu adversário, desta feita a selecção de José António Camacho, a Espanha. O jogo acabou por ser decidido através da marcação de grandes penalidades, com os asiáticos a serem mais felizes.

Turquia e Alemanha foram as outras selecções que chegaram as meias finais.

Meias Finais

Chegava ao fim a campanha dos «outsiders». Brasil e Alemanha venceram os jogos frente à Turquia e à Rep. Coreia, ambos pela margem mínima, e iriam por à prova a história frase de Gary Lineker que afirmara anos antes que o «Futebol é um jogo de onze contra onze, e que no final ganham os alemães».

Final

Em Yokohama, num dos últimos dias de Junho, mês em que, como diz Valdano, «todos os dias foram domingo», Brasil e Alemanha defrontavam-se para aferir qual o novo campeão do mundo que iria suceder à França, detentora do troféu. Um dia antes a FIFA tinha consagrado o guarda redes Khan como a figura da competição. Do outro lado Ronaldo, em boa forma, queria arrecadar o troféu, queria «vingar» o fatídico dia de 1998, em que um mal estar o impediu de lutar convenientemente pelo título.

E por duas vezes, Ronaldo fazendo jus à sua infinita capacidade de bem jogar futebol, ao seu talento para marcar, desfeiteou Oliver Khan e colocou em delírio 150 milhões de brasileiros, oferecendo o tão ambicionado «penta» a um país que «pensa futebol». Scolari juntava-se a Feola, Zagallo e Parreira no Olimpo dos técnicos Campeões do Mundo.

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