placardpt
      Mude para o zerozero Futsal. Tudo sobre o Futsal aqui!
      Rubrica mensal do zerozero

      Thalles: «Tinha tudo para tentar outras coisas, mas sempre gostei de bola»

      Aterrou em Portugal este verão com a tarefa de preencher o lugar deixado vago por Guilherme Meira e rapidamente deu mostras do seu talento. O brasileiro Thalles, fixo da AD Fundão, é o convidado do zerozero para o Jovens Talentos de dezembro.

      ©Arquivo Pessoal/Thalles

      A história de Thalles, de 22 anos, com o futsal começou «quando tinha seis, sete anos». O jovem brasileiro jogava futsal «no bairro da cidade, com os amigos da rua», mas não demorou a tornar a coisa mais séria. «Com oito, nove anos, fui para as escolinhas de futsal da minha cidade e desde então nunca mais parei», conta.

      Quando falamos dos primórdios da carreira com homens do futsal, encontramos muitas vezes uma infância com uma batalha travada entre a quadra e o relvado, mas sempre com a quadra a vencer, como é óbvio. Thalles é mais um desses casos: «Tentei jogar futebol, mas não gostei. Dificilmente tocava na bola e não gostava». Desde então, a sapatilha ganhou sempre à chuteira e o futsal tornou-se a vida do jogador da AD Fundão.

      Subida a pulso

      qEra a minha vontade jogar fora, jogar numa liga boa
      Thalles

      Thalles tem apenas 22 anos, mas já uma vasta experiência no futsal europeu. As coisas sempre foram correndo bem ao jovem canarinho, de tal forma que desde muito cedo atraiu o interesse dos melhores campeonatos.

      «Tinha 17 anos quando surgiu a primeira oportunidade [de ir para Espanha]. Só que, como era ainda menor de idade e muito novo, pensei em ficar mais um pouco. Com 18 anos, quase 19, surge novamente a oportunidade de ir para o Santa Coloma, para Espanha», explica-nos. E Thalles, na altura jogador do Magnus, não hesitou: «Não pensei muito. Era a minha vontade jogar fora, jogar numa liga boa e numa equipa que ia disputar também coisas boas».

      ©Arquivo Pessoal/Thalles

      Um jovem brasileiro aterra em Espanha. Primeiras impressões do campeonato e respetivas diferenças para o Brasil? «O futsal brasileiro é muito mais técnico, tem muita mais qualidade e correria. Não tem tanta tática como em Portugal e Espanha, mas eu vinha de um estilo de jogo do Magnus que também me favorecia».

      Pode elaborar? «Era quase parecido, porque o Magnus estava habituado a jogar várias competições internacionais. Tínhamos que nos habituar ao estilo de jogo deles também. Tirando o idioma e a cultura, isso foi o que mais me custou, a parte técnica que teve de se tirar um pouco para colocar na tática».

      Brasil, Espanha… e Portugal

      Este verão, Thalles foi anunciado como reforço da AD Fundão, uma oportunidade que surgiu através da saída de Guilherme Meira. Ainda assim, o jogador brasileiro revela que «já tinha conversado uma vez» acerca da equipa beirã com o seu empresário.

      qSurgiu a oportunidade, conversei com o Couto e fechámos logo tudo
      Thalles

      «O Meira saiu daqui, foi para a equipa que eu tinha contrato, o Cartagena. Então, eles estavam a precisar dessa peça e como já estavam a fazer a transição do Meira para o Cartagena, tudo na mesma equipa, iniciámos as conversas», conta Thalles.

      Desde o início das negociações até colocar o preto no branco foi tudo muito rápido. «O meu empresário perguntou qual era a minha vontade e eu disse que no Fundão ia estar feliz, porque já tinha amigos aqui e gostava do estilo de jogo da equipa. Surgiu a oportunidade, conversei com o Couto e fechámos logo tudo», diz.

      Na primeira temporada em Portugal, Thalles já leva dez golos em 12 jornadas e é dos melhores marcadores da competição. Caso para dizer que a adaptação está a correr bem: «Está tudo a correr bem, graças a Deus. Estamos bem no campeonato, estou a fazer golos e a ser um dos melhores marcadores da liga. Estou a gostar de estar aqui, as coisas estão a sair bem e está tudo a dar certo. Não tive muitas dificuldades em vir de Espanha para cá».

      ©David Santos

      A equipa beirã arrancou o campeonato com sete vitórias em outras tantas jornadas, antes de passar por uma fase menos positiva. «Estávamos a ir muito bem. Ainda estamos», diz Thalles. «Sabíamos que em algum momento isso ia acontecer, íamos perder um jogo ou empatar», acrescenta.

      Conversámos com Thalles antes da equipa treinada por Nuno Couto ser derrotada em Viseu esta quarta-feira, uma nota de contexto que consideramos importante para as palavras que se seguem: «Mantivemos a cabeça no lugar e já fizemos agora um jogo muito bom contra o Braga, muito importante também para nós. Restam duas jornadas para acabar a primeira volta e vamos treinar, vamos melhorar cada vez mais. Tenho a certeza que vai dar tudo certo», afirma o brasileiro, confiante.

      Fomos na onda do trabalhar mais e perguntámos pelos objetivos da equipa para 2021/22. No Fundão, há espaço para sonhar e uma ambição sem fim: «O nosso objetivo é ser campeão, é o objetivo de toda a gente. Tudo o que pudermos ganhar, vamos correr atrás disso e vamos ganhar. Temos equipa para isso, temos uma boa direção, uma boa equipa técnica e que também são importantes para nós. Os nossos objetivos são ganhar sempre. Se tivermos que sair numas meias-finais, a gente infelizmente sai, mas o nosso objetivo é sempre lutar por títulos».

      A culpa é do Meira

      Quisemos saber qual é o segredo de Thalles para marcar tantos golos enquanto fixo. E o segredo, se calhar… é não ser fixo. «Eu sempre joguei a ala. Aqui no Fundão foi preciso testar a fixo e graças a Deus, está a dar tudo certo. Ainda estou a fazer golos, o que é difícil. Raramente um fixo sai para fazer assim tantos golos. Até então, está tudo a dar certo, mas sempre joguei a ala», remata o brasileiro.

      qNo futsal temos que estar aptos para fazer qualquer posição
      Thalles

      Quisemos saber se a mudança para fixo foi exclusiva no Fundão ou se Thalles já tinha passado pela posição anteriormente. A resposta é sem hesitar: «Só no Fundão. Eu estava no Cartagena, em Espanha, como ala. Estava no Santa Coloma, no primeiro ano em Espanha, também como ala. Aqui surgiu a oportunidade de tentar fazer de fixo, por causa do Meira, e deu certo até hoje».

      Os números contrariam desde logo a teoria, mas ainda assim quisemos ouvir da boca do próprio sobre a adaptação a uma nova posição. «Não tive dificuldades, porque no futsal temos que estar aptos para fazer qualquer posição, qualquer estilo de jogo que seja preciso. Às vezes, num jogo ou outro, sempre caí ali como fixo, a ter que marcar um pivot durante 30 segundinhos. Acho que não foi tão difícil assim», conta o agora fixo de 22 anos, para quem tudo é uma questão de hábito: «Claro que não estava habituado, mas com o tempo e com o treino, a gente vai-se habituando e as coisas surgem naturalmente».

       

      ©Arquivo Pessoal/Thalles

      Há pouco falámos da chegada a Portugal e Thalles disse que a oportunidade surgiu pela saída de Guilherme Meira. Pois bem, a saída de Meira não só trouxe a chance do canarinho se mudar para o Fundão, como também de jogar como fixo. Portanto, quando a pergunta for porque é que Thalles é fixo, a resposta é só uma: a culpa é do Meira.

      Sonhos, ídolos e o papel da família

      A coisa mais natural do mundo para um jovem de 22 anos, que ainda tem toda uma carreira pela frente, é ter sonhos para realizar. Thalles não esconde que os tem, mas é algo evasivo na hora de abordar o tema. «Tenho bastantes sonhos, bastantes planos, mas um de cada vez. Ainda sou novo, tenho muitos objetivos e sonhos, mas ainda sou novo. Só tenho 22 anos. Sonho sempre em ganhar o próximo jogo. Ganhando o próximo jogo e jogando bem, as coisas vão acontecer», afirma.

      Mas que coisas? A seleção brasileira é uma delas? Thalles nunca foi internacional, nem sequer pelas camadas jovens. «Cheguei a estar numa pré-lista, mas foi na altura da transição do Brasil para Espanha e acabei por não ir. Abri mão disso para poder pensar mais à frente», conta.

      Mais à frente… a seleção A? O fixo não esconde o desejo, mas mantém o registo: quando tiver de acontecer, vai acontecer. «Está sempre no pensamento. Quando tiver de acontecer, vai acontecer. Temos agora o caso do Mário, o melhor português da liga, e calhou de não ir à seleção. Acho que as coisas acontecem naturalmente. Claro que é um sonho, um objetivo, mas primeiro penso aqui no Fundão e se a oportunidade aparecer, temos de estar prontos».

      ©Arquivo Pessoal/Thalles

      Ainda muito jovem, Thalles tem toda a família do lado de lá do Atlântico. Ou quase toda, uma vez que a namorada lhe faz agora companhia no Fundão, local onde o brasileiro ganhou uma outra família: «Tenho amigos aqui. Já joguei com o Peléh no Brasil, no Corinthians. As pessoas aqui são a minha família. Agora chegou a minha namorada, está aqui também. Já joguei com o Luan, conheço o Felipe. Aos poucos vou-me entrosando com todos. A minha família aqui são sempre os meus companheiros. Eu por eles, eles por mim, juntos até ao fim».

      No entanto, calculamos que não seja fácil para uma pessoa de 22 anos, e que está na Europa sozinha desde os 18, estar longe dos familiares mais próximos. Sobre eles, Thalles enaltece sobretudo o apoio. Apoio esse que nunca lhe faltou quando este procurou seguir os seus sonhos.

      qAs pessoas aqui são a minha família
      Thalles

      «Fiquei sempre sozinho, em Espanha e agora aqui em Portugal. A minha família sempre foi muito importante para mim, sempre estiveram comigo. Isso foi muito importante. De onde vim, tinha tudo para tentar outras coisas, mas sempre gostei da bola e sempre tive o apoio dos meus pais. Foi muito importante para mim», conta Thalles, em quem se percebe que a boa disposição está sempre presente.

      Quase a chegar ao fim, quisemos saber dos ídolos, das referências na modalidade, mesmo tendo a sensação de que saberíamos onde íamos parar. E fomos: «O nosso ídolo maior sempre foi o Falcão. Estive pouco tempo com ele no Magnus».

      Mas calma, que Falcão partilha o trono com mais alguém. «Aprendi a gostar do Batería. Joguei com ele, conheci-o como pessoa e é alguém que tenho como exemplo para a vida e também em termos de profissionalismo. É uma pessoa que gosto muito, é muito bom jogador. Acho que tirando o Falcão, que é o nosso ídolo eterno, acho que o Bateria é o exemplo mais comum como pessoa também».

      É o fim da linha neste Jovens Talentos, mas desafiamos Thalles a deixar uma mensagem àqueles mais novos, que já não vão a tempo de idolatrar Falcão, mas que podem, nunca se sabe, idolatrar Thalles. «A mensagem é a de sempre. Nunca desistam dos sonhos, nunca deixem nada atrapalhar. Se tens um sonho, tem a certeza que o podes realizar, que nada o vai impedir. Continuem a treinar, estudem e tudo vai dar certo. Como deu certo comigo, vai dar certo com todos».



      Brasil
      Thalles
      NomeThalles Henrique Lima Aleixo Flauzino
      Nascimento/Idade1999-08-11(24 anos)
      Nacionalidade
      Brasil
      Brasil
      PosiçãoFixo

      Fotografias(67)

      Liga Placard| SC Braga x AD Fundão (QF2)

      Comentários

      Gostaria de comentar? Basta registar-se!
      motivo:
      EAinda não foram registados comentários...
      Tópicos Relacionados

      OUTRAS NOTÍCIAS

      Futebol Asiático
      entrevista
      Parte II da entrevista do médio ao zerozero
      Rui Pires foi uma das maiores promessas na formação do FC Porto. O médio, atualmente com 26 anos, embarcou para outro tipo de aventuras e voltou a emigrar, desta vez para ...

      ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

      Echelon77 09-05-2024, 17:01
      Echelon77 09-05-2024, 16:55
      Echelon77 09-05-2024, 16:47
      JS
      jsilva77 09-05-2024, 16:45
      A_Drifter 09-05-2024, 16:37
      DanielCosta19 09-05-2024, 16:31
      AL
      Alvibranco 09-05-2024, 16:14
      f1950 09-05-2024, 15:43
      AngelEyes 09-05-2024, 15:28
      fcpinvicta 09-05-2024, 15:22
      rubenferreira877 09-05-2024, 15:18
      DragonKing 09-05-2024, 15:09
      RO
      Rodrialex77 09-05-2024, 14:40
      A_Drifter 09-05-2024, 14:16
      HA
      Halibut 09-05-2024, 14:15
      UltraRioAve 09-05-2024, 14:03