placardpt
Entrevista à Tribuna Expresso

(20jun2017)| Vítor Oliveira: «Eu, caro? Devo é ser dos treinadores mais baratos em Portugal»

2020/04/08 19:39
E0

Entrevista da autoria do jornalista Adriano Nobre da Tribuna Expresso, originalmente publicada a 20 de junho de 2017 e que pode ser vista na publicação original aqui.

Esta não é uma entrevista mas uma conversa entre um jornalista de Portimão e do Portimonense que reeencontra um dos homens responsáveis por uma das suas maiores alegrias. Tudo começa com um poster que anuncia o Portimonense - Partizan de 18 de setembro de 1985, o primeiro jogo do clube algarvio em competições da UEFA. O treinador de então é o mesmo de hoje, Vítor Oliveira, um especialista em subidas de divisão.

Que memórias tem desta estreia como treinador no Portimonense, logo na Taça UEFA?

«Já não tenho muitas... (risos). Já passaram tantos anos, 32... Mas lembro-me perfeitamente que foi um dia de festa. Um dia tremendo em Portimão. Contra uma equipa conceituada e muito respeitada na Europa naquela altura. Era o primeiro jogo internacional do Portimonense, na que seria a única experiência do clube nas competições europeias. Lembro-me que o campo estava cheio, que o jogo foi motivo de conversa em qualquer lado nessa semana. Foi a inauguração da luz elétrica do campo... Mas já foi há tantos anos que já não tenho grande memória do jogo. Lembro-me que fizemos um golo do Pita, de cabeça».

Imagino que estivesse nervoso. Era treinador há dois meses....

«É natural que estivesse. Aliás passado 30 e tal anos o nervosismo continua a aparecer em alguns jogos mais importantes, aqueles que têm capacidade de decidir um campeonato ou uma época. Por isso é muito provável que naquela altura, com tão pouca experiência, estivesse muito nervoso. Já tinha jogado a nível internacional em Braga, como jogador, mas como treinador foi logo um dos primeiros e logo com uma importância tão grande para o prestígio da cidade, do clube e até do futebol português».

Ganham o primeiro jogo 1-0 em Portimão, mas depois corre mal em Belgrado: 0-4. Custou?

«Eles foram notoriamente superiores na segunda mão. Eram uma equipa muito forte. Mas ficou essa experiência da passagem do Portimonense pelas competições europeias. E ficou fundamentalmente a ideia daquilo que tinha sido conseguido na época anterior sob orientação do Manuel José, com uma equipa absolutamente fantástica, provavelmente a melhor equipa de sempre do Portimonense».

Damas, Rui Águas, Balacó, Cadorin...

«Conseguimos o apuramento para a Taça UEFA com uma época verdadeiramente brilhante...»

... e o Vítor Oliveira era um dos titulares, um dos capitães, com apenas 30 anos. Mas começa a época seguinte como treinador. Porque é que aceitou esse convite tão novo?

«A verdade é que quando no fim dessa época me chamaram para ir à Câmara Municipal falar com o senhor Manuel João - que era o presidente do Portimonense e vice-presidente da câmara - eu ia convencido de que ia renovar o contrato de jogador. Mas depois cheguei lá e fiquei muito surpreendido quando ele pôs a hipótese de começar como treinador, até porque eu nem tinha as habilitações necessárias. Tive então de começar a tirar os cursos à pressa para poder treinar... Eu até lhe dei duas sugestões de treinadores que estavam a aparecer com algum sucesso: o Álvaro Carolino, que já faleceu, e o Raúl Águas. Mas ele disse que não, que queria que fosse eu. Pedi-lhe dois dias para pensar, conversei com algumas pessoas e resolvi aceitar».

Esse convite teve alguma influência do Manuel José, que estava de saída?

«Acho que teve toda a influência».

Então o Manuel José foi quem patrocinou a sua estreia antecipada...

«Já falámos muitas vezes sobre isso. Nomeadamente quando as coisas me correm mal e eu digo-lhe que ele é que foi o culpado de eu estar a sofrer... Mas quando corre bem também lhe agradeço por isso. Mantivemos amizade ao longo destes anos, alicerçada no respeito, gratidão e reconhecimento».

©Catarina Morais / Kapta +

Foi fácil passar a treinar, com 30 anos, alguns dos jogadores que tinham sido seus colegas?

«Foi relativamente fácil... A minha primeira opção para adjunto foi o Vítor Damas, mas depois o Manuel José resolveu que ele ainda estava vivo - e estava!, era um guarda-redes absolutamente fantástico, o melhor que vi - e decidiu levá-lo com ele de volta para o Sporting. E ainda fez duas ou três temporadas. Mas com isso obrigaram-me a arranjar um adjunto que era uma das pessoas mais competentes que havia na altura no futebol português, o professor Monge da Silva. Foi uma das condições que impus. O resto foi fácil. Porque os jogadores perceberam que eu podia continuar a ser visto como um colega, mas tinha responsabilidade acrescidas».

Uma das grandes estrelas desse Portimonense era o Cadorin, que além de grande jogador pelos vistos não era pessoa de trato fácil.

«Não era nada fácil de lidar... Mas dentro de campo tinha uma eficácia fantástica. Mas não era só ele: tínhamos grandes jogadores. O Rui Águas, que depois vai para o Benfica e que era fantástico. O Balacó que era um central de excelência. O Coelho que depois chegou à seleção. O Nivaldo, que fui buscar ao Benfica, emprestado, depois de vir de Guimarães. Fez duas ou três épocas muito boas em Portimão. E apesar da distância, de vez em quando mantemos a relação. Ainda há pouco tempo recebi a visita dele, que foi extremamente gratificante. Veio cá de férias e foi dar-me um abraço a Chaves».

Treina também o Pacheco, que acaba por ir para o Benfica dois anos depois.

«Sim. Nós tínhamos um protocolo com o Torralta, que era um viveiro de jogadores. Criava muitos e bons jogadores. E esse protocolo permitia-nos ir buscar dois jogadores de forma gratuita. Na altura havia três jogadores muito interessantes: o Pacheco, o Rui Manuel e um Nando, um miúdo que jogava na ponta esquerda. E eu desses três tinha de optar por dois. Optei pelo Pacheco - que fez uma carreira bonita no Benfica, no Sporting e na seleção - e pelo Rui Manuel, que acabaria por jogar também no FC Porto».

Sai do Portimonense em 86-87 a meio da época. O que é que aconteceu?

«Os resultados. São sempre os resultados. Não foram de acordo com aquilo que tínhamos feito na primeira época, em que tínhamos ficado em sétimo. No segundo ano não estivemos tão consistentes e acabei por sair por forma a que o clube pudesse melhorar».

Não lhe ficou mágoa por essa saída?

«Nada! Eu nisso sou uma pessoa muito pragmática. Sei perfeitamente quais são as regras do jogo e que elas tocam a todos. Não há nenhum treinador que seja imune a essa situação. Depois uns lidam melhor e outros lidam pior. Eu lido de forma perfeitamente natural, porque é natural que aconteça».

Ultimamente não se pode queixar dessa sorte...

«Não tem acontecido... Mas não deixamos de estar preparados para isso. Faz parte da nossa vida, que é uma profissão de risco. Porque os resultados estão muito acima da competência, da qualidade, da seriedade, do empenhamento e do profissionalismo. Quem dita em última instância como é que isto vai funcionar são os resultados. E às vezes por várias razões, mesmo razões pequeninas, acaba por acontecer. Mesmo quando o treinador não é o principal culpado».

©Global Imagens / EDUARDO RESENDESEDUARDO-RESENDES

O regresso à I Liga: «Não preciso de provar nada. Nós sabemos quem são os competentes e os menos competentes»

Nunca treinou nenhum dos três grandes e já disse que já perdeu a ilusão de consegui-lo. Quando é que essa ilusão se foi?

«Houve fases em que, como todos os treinadores, também aspirava a ter a possibilidade de chegar a um grande. Mas não cheguei. Provavelmente é verdade que haveria pessoas mais competentes do que eu nessas alturas para assumir essas equipas. Mas não tenho qualquer mágoa nem nunca fiquei a pensar que poderia ter sido eu e porque é que foi aquele. Nunca tive grandes expectativas. E a verdade é que trabalhei sempre onde quis. Foi uma das grandes virtudes que tive na carreira. Nunca estive em lado nenhum contrariado. Isso manteve-me sempre feliz no futebol, porque quando trabalhamos onde queremos, fazemos o que gostamos e ainda por cima somos bem pagos, penso que é muito bom para qualquer pessoa que trabalhe. Eu tive essa felicidade. E onde não gostava de estar ia-me embora. Fiz sempre contratos de um ano e provavelmente essa foi uma das razões: para poder estar a trabalhar onde me sentisse bem. Porque com um contrato de um ano, podemos avaliar se estamos todos satisfeitos e renovar. Sem problemas, E eu já renovei vários contratos e inclusive já saí e já voltei a alguns clubes. Mas quando uma das partes não está satisfeita, acaba o contrato e cada uma das partes segue o seu caminho».

O estatuto que entretanto adquiriu tem facilitado a negociação desses contratos?

«Facilita muito. E tem uma vantagem enorme. Porque as minhas equipa não começam a época em primeiro lugar e ali ficam até ao fim. Não é assim. Já tive campeonatos onde consegui objectivos, mas com problemas complicados e importantes a meio da época. E acredito que com um treinador sem esse meu estatuto, poderia ter havido uma chicotada psicológica que destruiria todo o projecto. Mas esse estatuto que tenho angariado ao longo da carreira permite-me ter alguns percelços que as pessoas continuam a confiar».

Quer dar-nos algum exemplo concreto?

«Prefiro não falar em exemplos concretos. Mas existiram momentos da minha carreira em que senti que com outro treinador aquilo tinha ido tudo ao ar. E nesses casos acabámos por atingir os objetivos. É uma almofada que fui conseguindo ao longo de muitos anos de trabalho».

Imagino que agora, quando o contactam para treinar um clube na II Liga não existam segundas conversas: é para subir logo, certo?

«Sim, sim... Neste momento na II Liga não há outra conversa. Se me abordam é com a intenção de subir».

E as negociações são...

«... eu sou muito rápido a fazer contratos. Não tenho grandes exigências além do normal para acautelar o plantel. Porque para subir de divisão temos de ter uma muito boa equipa. Não há cá milagres ou varinhas mágicas. É preciso ter um bom plantel e garantir que o clube tem sustentabilidade para cumprir os seus compromissos e infraestrutiras que permitam treinar para podermos dar condições aos atletas. São coisas simples e normais. É muito simples fazer contratos comigo».

Acha que há alguém atualmente que conheça melhor a II Liga?

«Há! Tenho a certeza que há pessoas que conhecem tão bem ou melhor do que eu. Há muita gente competente na II Liga. E há treinadores melhores do que eu, só que não vão tão longe porque se calhar não têm tido as condições que eu tenho tido».

©Rogério Ferreira / Kapta+

Quando o Vítor Oliveira foi anunciado como treinador do Portimonense, no ano passado, recebi nesse dia uma mensagem de um amigo a dar-me os parabéns antecipados pela subida de divisão. Os adeptos cobram-lhe muito quando chega a um novo clube?

«Tenho noção de que há uma onda positiva que começa a envolver os clubes pelo que eu tenho feito para trás. Mas eu tenho a consciência de que o que temos para trás não é garantia de futuro. Eu costumo dizer que os treinadores são como os fundos dos bancos: rentabilidades anteriores não garantem retorno futuro. Há fundos com rentabilidade fantástica quando a conjuntura é boa, mas que depois vão por ali abaixo. No futebol às vezes a época não corre bem. No Portimonense este ano, por exemplo, fizemos uma primeira volta absolutamente fantástica, mas na segunda volta tivemos tantos problemas que a qualidade de jogo diminuiu substancialmente e o número de pontos também diminuiu. Valeu-nos que conseguimos uma margem de pontos muito confortável. Mas no mesmo ano vivemos as duas situações».

Esse segunda volta do Portimonense, com lesões e saídas de jogadores, não o deixou de pé atrás para a renovação de contrato?

«Não. Eu sabia que mesmo com todos esses problemas continuávamos a ter um plantel de qualidade. E na fase final, quando foi mesmo preciso ganhar voltámos a fazê-lo com qualidade, frente a um opositor muito forte como era o Desportivo das Aves. Mas tive sempre a consciência de que iríamos subir de divisão com alguma tranquilidade».

Disse que foi sondado por vários clubes. Quantos?

«Seis clubes, creio, em Portugal. Um da I Liga e o resto da II Liga, com objetivos de subida. E tive duas propostas para fora».

Nunca treinou fora de Portugal.

«Não».

Porquê?

«Já tive vários convites mas nunca cheguei a acordo. Sabe que para sair de Portugal eu acho que tem de compensar financeiramente. Muito e bem. E nunca consegui aquele contrato que me fizesse pensar que ia lá fora ganhar a minha independência económica e que pagasse todos os riscos e indisponibilidade que temos fora do nosso país».

Tem saudades da I Liga?

«Não! Nenhumas. Não tenho saudades da I Liga, nem vou ter saudades da II Liga. Eu gosto de futebol, essencialmente. Eu devo ser dos poucos treinadores que passou por todos os campeonatos nacionais que houve em Portugal. Estive na 3ª Divisão, na 2ª Divisão, Liga de Honra, I Liga... E sinto-me confortável em todos».

Mas é especial estar na I Liga...

«Percebo que a I Liga é onde estão os melhores. Ou, pretensamente, onde deveriam estar os melhores».

E isso não o puxava a ir mais vezes para lá provar que está entre os melhores?

«Eu não preciso de provar nada. As pessoas gostam dessa ideia de por os treinadores à prova todos os domingos. Mas nós sabemos quem são os competentes e os menos competentes. Os que ganham mais, os que ganham menos. Isso é estatístico. Então agora vai dizer-me que temos de pôr à prova o Rui Vitória todos os domingos depois de ganhar dois campeonatos seguidos? Então vamos pôr à prova o Jesus todos os domingos e decicdir se é bom, se é mau, se é competente ou incompetente, depois de tudo o que mostrou ao longo da carreira? E como eles muitos outros treinadores. Ainda agora com o José Mourinho, que toda a gente sabe que é um fenómeno como treinador, como não conseguiu uma boa classificação na Premier League já estavam a pôr em causa os processos, os métodos que estavam ultrapassados... li os maiores disparates ao longo da temporada. Mas depois chegamos ao fim e ganhou a Taça da Liga, a Supertaça e a Liga Europa... Quer dizer, o que é que queremos mais de um treinador numa primeira época numa equipa que tem estado afastada dos grandes palcos há uns anos?! Ganha três provas em quatro. Ainda assim foi criticado».

O que é que lhe falta mais conseguir na carreira?

«Ganhar. Mais vezes. Porque o futebol é para quem ganha. E o que me move é isso: ganhar e ter o maior número possível de vitórias».

©Rogério Ferreira / Kapta+

«Devo ser dos treinadores mais baratos em Portugal»

Tornou-se um treinador caro?

«Devo ser é dos treinadores mais baratos em Portugal. Pelo menos nos últimos cinco anos fui baratíssimo de certeza, porque rentabilizei todos os activos que foram postos à minha disposição em clubes que passaram a ser da I Liga. Só em rentabilidade de direitos televisivos é completamente diferente. Por conseguinte, acho que sou barato».

Negoceia os contratos com cláusulas por objetivos de subida?

«São contratos absolutamente normais, com um prémio de subida como toda a gente tem. Mais nada de especial. São contratos simples e básicos. Eu sou uma pessoa muito simples e gosto das coisas muito práticas».

O número redondo de 10 subidas era uma meta que tinha antes de experimentar outra vez a I Liga ou isto foi um acaso?

«Para aí a partir da sétima subida, comecei a pensar no objetivo de atingir as "duas manitas", como dizem os espanhóis. Porque seria fantástico ter dez subidas. Não sei se será único...»

Já contactou o Guiness para saber se tem direito a ter lá o nome?

«Não, não... Mas acho interessante. As "duas manitas" a "la décima" foi muito importante para o Real Madrid, que andou uma série de anos para atingir essa marca em Ligas dos Campeões. E para mim essa ideia também começou a soar interessante, porque seria colocar a fasquia num nível altíssimo».

Então isso teve influência nestas últimas decisões de nunca ficar nos clubes que subia.

«A partir a sétima andei um bocado à procura disso...»

De todas as subidas que teve, alguma o marcou especialmente?

«Guardo um carinho especial pela subida do Leixões, que é o clube da minha terra, onde joguei, e de que me habituei a gostar desde menino. Ou seja, para além do aspecto desportivo, teve também a vertente afectiva. Todas as outras vivi-as sobretudo pelo lado desportivo».

Nunca teve empresário. Porquê?

«Quando era jogador não era necessário, porque naquele tempo os dirigentes ligavam para os jogadores ou vinham a nossa casa. Não era preciso ter empresários. Depois nunca senti que fosse necessário. Sempre tive clube. E se calhar a necessidade de um empresário pode ter a ver com a necessidade de ter alguém que nos arranje um sítio para trabalhar. Ora eu nunca senti, porque tive sempre convites directos quer enquanto jogador quer enquanto treinador. Sou amigo de alguns empresários, mas nunca senti necessidade de ter alguém a tratar dos meus assuntos».

Mas não ter empresários não fecha algumas portas?

«Algumas não abre e outras fecha. Mas nunca senti necessidade. E também já não é agora que vou sentir».

Habituámo-nos a ler entrevistas suas sobre os seus sucessos. Qual foi o grande falhanço da sua carreira?

«O falhanço que me custou mais foi provavelmente não ter subido o Rio Ave [2000-2002]. Porque na altura tínhamos todas as condições para subir, quer do clube, quer da equipa, mas por razões de que já nem me lembro não o conseguimos. E acabei por sair a meio do segundo ano, por mútuo acordo, numa rescisão mesmo amigável, e lembro-me que fiquei com mágoa por não ter conseguido, porque senti que me tinham sido dadas todas as condições para ter sucesso. Depois tive uma passagem atribulada também pelo Vitória de Guimarães, onde não tive o tempo necessário para fazer o trabalho que tinha para fazer. Mas também me lembro que em nenhuma das saídas ou títulos que tive nos sítios por onde passei, nenhum me marcou especialmente em termos de sentimentos, negativo ou positivo. É evidente que quando saímos de um clube a meio é sempre uma situação negativa, mas que é ultrapassada facilmente. E quando ganhamos é extremamente positivo, mas passado um mês estamos a trabalhar noutro clube, com outros objetivos e outras pessoas».

©Global Imagens / Fábio Poço

Costuma levar equipa técnica consigo ou vai sozinho para os projectos?
«Quando posso levo. Trabalhei dez anos com o mesmo adjunto, o prof. José Pedrosa. E tenho outros que trabalham um ano, ou três... não tenho equipa fixa».

Não passa muito tempo nos clubes, não tem empresário, não tem equipa técnica fixa... É um lobo solitário?

«Não diria que sou um lobo solitário, mas sou uma pessoa muito independente. Isso sou. Não me agarro muito às coisas e gosto da minha independência. É evidente que é um vício que sai caro. Muitas vezes perdemos oportunidades por sermos assim. Mas tenho-me dado tão bem com esta personalidade que não tenho a mínima ideia de mudar o que seja».

Já disse muitas vezes que não tem segredos para estas subidas de divisão. Mas o que é que acha que o distingue dos que não sobem, além de ter bons jogadores? Como é que trabalha?

«Eu preparo as épocas cuidadosamente na preparação do plantel e tenho uma liderança que entendo ser boa para o futebol. Já vários jogadores mo disseram. E tenho normalmente uma boa relação com o plantel. Mas isto tudo somado, no fundo, se eu não tiver bons jogadores, não conduz a nada. E se tiver bons jogadores, mesmo cometendo alguns erros - porque todos os treinadores cometem erros - conseguimos bons resultados».

Quando diz que todos os treinadores cometem erros está a falar na construção de um plantel, na gestão de um jogo..

«Às vezes os treinadores que têm mais êxito cometem menos erros, do que os que têm menos êxito, mas não há ninguém que não os cometa. E às vezes erros importantes e graves. Seja na preparação de um jogo, nas substituições, nas opções que tomamos durante um jogo, nas contratações de início de época. Às vezes há erros complicados, mas temos depois de assumi-los e tentar minimizá-los com trabalho. Mas reconheço que mesmo cometendo erros, se tivermos um bom plantel estamos sempre mais perto da vitória. Agora, cometer erros com um mau plantel... a derrota é quase uma certeza!»

©Rui da Cruz

Os programas de debate na tv «são coxos que nos querem ensinar a correr»

Lê os analistas e comentadores de futebol?
«Não».

Não há ninguém em particular que goste de acompanhar?

«Não. Eu acredito que há programas de televisão que sejam interessantes. Mas a generalidade atingiu um grau de incompetência, de falta de seriedade e de egocentrismo, que me levou a afastar de todos esses programas. Raramente vejo».

Não vê debates nenhuns, é isso?

«Nada. Embora reconheça que há lá pessoas competentes, esforçadas e que querem o bem do futebol. Mas também vejo pessoas egocêntricas, que vestem a camisola do seu clube de forma anormal e que dizem uma série de disparates porque não conhecem o fenómeno. São coxos que nos querem ensinar a correr. E as barbaridades que vão dizendo desmotivam-nos de tentar ver outros programas que até podem ser interessantes».

E jornais?

«Vou lendo. Não sou um leitor assíduo, mas vou lendo. E há um caso ou outro que me interessa e quando é esse o caso leio».

Como é que se atualiza como treinador?

«Vou lendo tudo o que aparece de outros treinadores, revistas direcionadas para o futebol e que nos vão trazendo coisas novas».

Muda o seu plano de treinos com frequência?

«Nós temos um plano de treinos que é mais ou menos fixo. No número de horas, cargas, intensidades e volumes. O que pode mudar são os conteúdos. Os conteúdos às vezes mudamos semana a semana, consoante as necessidades que vamos entendendo que a equipa tem. Cada jogo é como um exame que nos possibilita fazer uma avaliação global do que a equipa vale naquele momento».

E muda o treino em função do adversário?

«Não muito. Mudo mais relativamente às coisas boas ou más que a equipa vai fazendo. Fazemos a análise do jogo ao domingo e na segunda-feira, quando começo a preparar a semana de treinos vou ajustar às necessidades da equipa. O que me parece menos bem vai ser mais trabalhado e potencializado. O que me pareceu bem tentamos ser ainda melhores. Mas a grande preocupação é melhorar aquilo em que no jogo anterior a equipa não foi tão forte. Se a equipa não está a circular bem a bola temos de treinar circulação de bola. Se a equipa está a criar situações de golo mas não finaliza temos que reproduzir no treino em maior número essas situações para que a equipa tenha mais eficácia, se a equipa está a defender mal temos mais atenção aos aspectos defensivos... E vamos enquadrando isso nos treinos da semana. E às vezes temos de reajustar. Eu até posso pensar à partida que quero fazer uma determinada coisa naquela semana, mas depois o jogo obriga-nos a alterar, por vezes substancialmente, o que tínhamos pensado».

E é adepto de um sistema fixo ou varia de ano para ano ou consoante as equipa que tem?

«Nós temos uma estrutura alicerçada no 4x3x3, que por vezes alteramos para um 4x2x3x1. Mas o processo que temos melhor assimilado é o 4x3x3. Embora também treinemos outras situações porque, por vezes, durante o jogo precisamos de alternativas e precisamos de estar minimamente preparados. Não estamos devidamente preparados, porque a estrutura base do nosso treino não é essa, mas é preciso que os jogadores tenham uma ideia minimamente precisa sobre o que têm de fazer dentro de campo quando as coisas têm de ser mudadas».

E hoje, com o estatuto que alcançou, consegue construir plantéis em função desse seu modelo?

«Sim. Vamos à procura dos jogadores que possam servir a nossa estrutura».

Entretanto habituou-se a jogar para subir, o que significa jogar mais vezes para ganhar. Mas para o ano isso pode mudar. Terá seguramente menos jogos a dominar no Portimonense na I Liga. Vai mudar o sistema?

«O treinador português tem uma capacidade de adaptação fantástica. Acho que é uma das melhores armas que tem e uma das boas características do treinador português. Faz uma leitura das necessidades e da forma como a equipa deve jogar, faz uma boa observação do adversário e consegue fazer uma boa adaptação. É evidente que o Portimonense não vai ter o melhor ataque como teve este ano. É evidente que não vai ter a segunda ou terceira melhor defesa e que não vai ganhar tantas vezes. Isso não será possível. Mas vamos à procura de muitas vitórias, de muitos golos e de sofrer poucos golos».

E vai manter-se fiel ao 4x3x3?

«Sim. Não vamos alterar muito. Podemos melhorar o posicionamento dentro de campo mas a estrutura não será alterada».

Não vamos ver o Portimonense a estacionar o autocarro

«Não, não não... Nada disso! Nem pode ser. Queremos um Portimonense sustentado e que crie alicerces para ficar de forma sustentada na I Liga e não acontecer o que aconteceu nas últimas duas subidas, em que desceu logo. Não queremos isso. Sabemos que vamos ter as nossas limitações na I Liga e que vamos ter uma equipa em que praticamente ninguém - com excepção de dois ou três jogadores - sabe o que é a I Liga, mas temos confiança no plantel, nos que estão, nos que irão chegar e pensamos que vamos ser uma equipa competitiva na I Liga».

Além de trabalho o que é que pode prometer ao adepto mais fanático do Portimonense? A Europa?

«Não... Podemos prometer empenhamento e a mesma imagem de seriedade, rigor e ambição que tivemos este ano. É evidente que não vamos ganhar tantas vezes, mas queremos ganhar as vezes suficientes para fazer um campeonato tranquilo, com boas exibições, que leve as pessoas a ir com prazer o campo do Portimonense e que se possam orgulhar de tudo aquilo que façamos no campeonato».

©Carlos Alberto Costa

«Talvez seja mais fácil manter um clube na I Liga do que subi-lo na II Liga»

O que é que lhe parece a qualidade média do futebol na I Liga?

«A qualidade média deste ano não foi famosa. Dos três grandes nenhum deles esteve a um nível altíssimo como já nos habituaram. Mesmo o Benfica que foi campeão não esteve ao nível do ano anterior. Depois, nas equipas da luta pela Europa, houve equipas com bom desempenho e regulares. Depois houve aquelas 8 ou 9 equipas a tentar fugir da descida. Acabaram por descer o Nacional e o Arouca... Mas creio que no próximo ano o cenário global não irá mudar muito. Três equipas a lutar pelo primeiros lugares, quatro ou cinco equipas a lutar pelos europeus. E depois as outras».

Vai tentar replicar o que aconteceu este ano em que o Portimonense praticamente garantiu o seu objetivo na primeira volta?

«Temos consciência que temos de entrar com tudo. Bem preparados, ambiciosos, fortemente motivados, mas com muita consciência das dificuldades que vamos ter».

Nas outras equipas que subiu nos últimos anos, e que não acompanhou na I Liga, ainda viu algum do seu trabalho refletido nos seus desempenhos? O Chaves este ano, por exemplo, faz uma bela época...

«Eu sei que há colegas meus que saem e continuam a fazer loas ao trabalho que ficou lá. Eu tenho alguma dificuldade em gerir isso. Penso que quando o treinador sai, rompe».

Mas não ficam rotinas na equipa e nos jogadores?

«Podem ficar algumas, mas o treinador que vem a seguir e os jogadores que entram acabam por alterar essas rotinas, mudar o futebol, com formas diferentes de ver o futebol, em que cada um é responsável pelo que faz. Quer dizer, eu nunca vi treinador nenhum a deixar a equipa, a equipa no ano seguinte não conseguir bons resultados e esse treinador vir dizer "esses maus resultados ainda são fruto do meu trabalho". Só os positivos é que os treinadores gostam de lembrar. Ora, eu entendo que quando saímos fechamos a porta, acabamos a ligação que possamos ter com o clube e que tudo ocorrer a seguir é fruto do trabalho do treinador seguinte».

Não teme por em risco este ano esta aura de sucesso que criou no passado recente? E se correr mal?

«Não... Eu sei que o sucesso é efémero».

Mas está preparado para começar mal a época, começar a ser questionado e voltar a viver esses cenários de despedimento?

«Nós estamos preparados para tudo. O futebol é isso mesmo. Quem vive do futebol tem de estar preparado para isso tudo. Se não estiver preparado nunca pode ser um bom treinador. Agora, vou preparado para a I Liga e tenho a noção de que temos de trabalhar muito e bem para que possamos apresentar outros resultados. Sei que será diferente do que se estivesse noutro projeto da I Liga».

É mais difícil na I Liga?

«Não sei se é mais fácil ou mais difícil. Não sei... Penso que talvez seja mais fácil manter um clube na I Liga do que subi-lo na II Liga. Tenho isso quase por certo. Mas vou preparado para muitas dificuldades. Até porque a história recente do clube na I Liga não é famosa. Embora não ligue muito a estatísticas e ao passado, porque cada ano é um ano novo no futebol. Mas a realidade é que eu percebo perfeitamente que a linha que separa o êxito do inêxito é uma linha muito ténue. Podemos cair para um lado ou para o outro com a maior das facilidades e muitas vezes até sem a maior fatia da responsabilidade».

Tem a garantia de que o Portimonense fará todos os seus jogos no seu estádio esta época? Na última vez na I Liga tiveram de jogar no Estádio do Algarve quase até ao fim por causa de obras...

«Este ano jogaremos no nosso estádio».

Mesmo com os 3 grandes?

«Sim, sim... Sem qualquer tipo de dúvida. Até porque sabemos da importância que tem jogar no nosso estádio perante a nossa massa associativa, que é calorosa, afetiva e tem grande importância no desenvolvimento dos resultados do clube».

©Global Imagens / André Vidigal

«A facilidade com que os jogadores mudam de clube a meio da época subverte alguma da verdade desportiva»

Já tem 32 anos de carreira como treinador. O que é que mudou mais no futebol neste período?

«Acho que o maior problema foi o mercado de transferências em dezembro e a facilidade com que os jogadores mudam de clube a meio da temporada. E o enorme crescimento dos media, em número de jornais e televisões, também não tem ajudado muito ao desenvolvimento do futebol. Antes pelo contrário: tem potenciado muito do que há de negativo no futebol e minimizado o que de positivo há. A proliferação de empresários de futebol também complicou de alguma forma o bom funcionamento do futebol. Mas aquilo que creio que essencialmente mudou para pior foram as transferências em dezembro. A facilidade com que os jogadores mudam de clube a meio da época subverte alguma da verdade desportiva».

Porquê?

«Porque os jogadores mudam com demasiada facilidade de clube em dezembro. A força do empresário proporciona que o jogador esteja com algum comodismo numa equipa. Se até outubro ou novembro não está a ser muito utilizado, o jogador desiste e baixa os braços porque sabe que em dezembro tem o empresário para colocá-lo noutro clube. E então desliga e está ali dois ou três meses fora do futebol. Existem vários exemplos disso e já todos os treinadores passaram por essa situação, que é negativa para o futebol, para o jogador e para o clube».

Os jogadores também mudaram?

«Mudaram muito, também por causa dessa proteção que hoje têm do empresário. Mas mudou também porque os clubes hoje já não têm aquela base de sustentação que ainda havia há 10 ou 12 anos, onde existiam núcleos de jogadores que se mantinham nos clubes durante seis, sete ou oito anos, que faziam uma base sólida de balneário, identificada com o clube. Hoje tudo isso muda com facilidade. Hoje é normal chegarmos a um plantel e passados dois ou três anos só dois ou três jogadores é que continuam. Isso faz perder solidez e até solidariedade no balneário e espírito de grupo. A facilidade com que os jogadores transitam de um clube para o outro e de um ano para o outro tem dificultado a criação de grupos fortes. Embora ainda os haja... mas na generalidade das equipas a maior parte dos jogadores não conhece a realidade dos clubes a que chega».

Já treinou 18 clubes diferentes...

«Não faço ideia...»

Braga, Guimarães, Belenenses, Académica, Gil Vicente, Rio Ave, Moreirense, Leixões, Trofense, Chaves... se tivesse aqui os três grandes quase dava quase para fazer uma Liga. Porque é que nunca parou muito tempo nesses clubes?

«A generalidade dos treinadores em Portugal já passou por esta situação, porque cá não há projectos de continuidade. Dois, três anos e o treinador salta fora. Os latinos são impacientes e ficam cansados. Os jogadores cansam-se do treinador, o treinador dos diretores, os diretores cansam-se dos treinadores... Nós somos assim mesmo. Temos sangue na guelra e gostamos de mudar».

Mas por regra o Vítor Oliveira não aceitou projectos a meio da época.

«Não, porque estive quase sempre empregado e quando saí a meio da época, normalmente preferi esperar pelo ano seguinte. Até porque na segunda metade da época já não aparecia nada de interessante para pegar. E preferia esperar por outros projectos. Mas ainda peguei em algumas equipas a meio da época. O Paços de Ferreira, o Belenenses...»

E o efeito chicotada psicológica resulta?

«Às vezes. Outras vezes não. Sou apologista da chicotada psicológica quando os resultados ou são muito maus, muito abaixo das expectativas, ou quando há um mau relacionamento entre os jogadores e o treinador. Quando esse mau relacionamento existe e quando não há um espírito de grupo que se manifeste dentro das quatro linhas, aí sim, acho que deve haver uma separação. E aí é muito mais fácil mandar um treinador embora do que cinco ou seis jogadores. Tirando esses casos, acho que a chicotada psicológica é regra geral uma precipitação».

E é verdade que um balneário pode "fazer a folha" ao treinador?

«O balneário é fundamental. Contrariamente ao que alguns colegas meus pensam, eu ainda tenho aquela ideia de que são os jogadores que jogam. Podem jogar da forma que o treinador quer e se isso acontecer a responsabilidade será sempre exclusiva do treinador, mas por vezes não jogam e podem prejudicar a ideia do treinador e o bom trabalho efectuado pelo treinador. A minha experiência diz-me que sem a colaboração dos jogadores é praticamente impossível fazer um bom trabalho. Se não houver empatia entre treinador e jogadores, a qualidade do jogo e a exteriorização da capacidade dos jogadores e do trabalho desenvolvido pelo treinador não é tão fácil».

As mensagens que se passam para fora também são importantes?

«Podem ser importantes num determinado contexto. Eu não sou muito disso. Gosto de falar diretamente com os meus jogadores no balneário, olhos nos olhos e discutir as situações de forma clara, precisa e sucinta. De vez em quando pode passar uma mensagem ou outra para fora, não dirigida ao grupo mas a um ou outro jogador em especial, mas não sou muito apologista disso. Mas não não tenho nada contra quem o faz. E temos alguns treinadores que são mestres em mandar mensagens pelo exterior».

©Catarina Morais

A história de um golo anulado em Viseu: «Quem não vê aquele que golo é limpo não pode apitar»

Falemos um pouco de arbitragem. Quando o Portimonense foi jogar a Viseu e bastava um empate para subir de divisão, acabou por perder 1-0 com um golo anulado e que eu até hoje não percebo porque é que o árbitro anulou. O Vítor Oliveira percebeu?

«Esse golo de Viseu, que é marcado a dois minutos do fim, daria tão somente a subida do Portimonense dentro das quatro linhas. Que era aquilo que todos nós queríamos. Infelizmente não o conseguimos por um erro que penso que é perfeitamente inacreditável».

Acha que foi um erro grosseiro?

«Quer dizer, quem não vê que aquele golo é limpo não pode apitar. Não tem as condições mínimas para apitar».

Disse isso ao árbitro [Jorge Ferreira] no fim do jogo?

«Não vale a pena dizer. Digo agora que a época já acabou. Curiosamente, fala-se tanto de arbitragem em Portugal e não se falou nessa situação. Falei eu na altura, no fim do jogo e ninguém mais falou. Mas as imagens andaram por aí a circular. Mas esse golo faz toda a diferença: porque nos possibilitava confirmar a subida dentro do campo, o que é manifestamente diferente de fazer a festa no autocarro, como fizemos. Mas podia acontecer até aquele golo mal anulado por em causa uma subida de divisão ou uma descida de divisão. Aqueles dois pontos que o Ac. Viseu ganhou se calhar foram importantes para o Viseu fosse ao playoff de manutenção na II Liga... Ou seja, pode ter prejudicado não apenas o Portimonense mas todas as equipas envolvidas nessa situação. Foi um erro demasiado grave para se dar tão pouca importância. Nomeadamente pelos responsáveis da arbitragem».

Este tipo de erros tem sido frequente na sua carreira?

«Aquele é tão grosseiro que não posso dizer que seja frequente. É um autogolo de um jogador que está completamente sozinho, não há contacto sequer para que o árbitro pudesse ter visto ali uma falta que é inimaginável... Eu quero crer que ele não viu bem. Não sei se foi assim, mas quero crer, até pelo bem do futebol. Mas quem não vê uma coisa daquelas não pode apitar. Como é óbvio,. A arbitragem comete erros, alguns importantes, mas todos cometemos erros. Agora... há erros e erros. Há uns perfeitamente humanos , normais em que está em campo para julgar. Mas há outros demasiado grosseiros para que se possam desculpabilizar».

A II Liga é pior em termos de arbitragem?

«Não, porque os árbitros são os mesmos».

E por ter menos visibilidade?

«Se compararmos a visibilidade com a qualidade do erro fica sempre uma onda de suspeição. Não podemos achar que um árbitro pense que na II Liga, como há menos gente a ver, pode errar à vontade. Não é assim. O árbitro está ali para não errar. É evidente que o erro faz parte do jogo. O jogador e o treinador também erram. E eu sei que é muito difícil arbitrar. Temos alguns jovens com qualidade, há 3 ou 4 árbitros muito bons, ao nível do que tínhamos há ,meia dúzia de anos, mais dois ou três jovens que estão a aparecer com qualidade e que se foram apoiados podem dar bons contributos para o nosso futebol. Mas também temos muita gente que tem de melhorar muito para estar ao nível do futebol que se pratica em Portugal».

Portugal é um país em que se discute muito a arbitragem. Ela condiciona mesmo campeonatos ou concorda com a tal ideia de que feito o balanço final aos erros, as melhores equipas acabam por ser os que ganham?

«Eu quero acreditar que no fundo, fazendo as contas ao deve e ao haver o saldo é zero. É evidente que há situações mais complicadas do que outras. Eu sei que o Portimonense foi prejudicado em alguns jogos mas que também noutras, poucas, foi beneficiado. Apitar é sempre difícil. Mas penso que devia haver mais critério e mais atenção aos erros grosseiros. Porque há erros cuja explicação é tremendamente difícil. E quando não se arranjam essas justificações penso que deviam ser tomadas outras medidas».

Imagino que seja a favor das novas tecnologias no futebol.

«Claro que sim. Mas também acho que é importante que se diga às pessoas que isto não vai ser o remédio para todos os males. Não vai deixar de haver erros. Podem é minimizar-se estes erros grosseiros».

Portugal
Vítor Oliveira
NomeVítor Manuel Oliveira
Nascimento1953-11-17
Nacionalidade
Portugal
Portugal
FunçãoTreinador

Fotografias(67)

Comentários

Gostaria de comentar? Basta registar-se!
motivo:
EAinda não foram registados comentários...
Tópicos Relacionados

OUTRAS NOTÍCIAS

Outras ligas
Vitória diante do Servette confirmou
O Young Boys é o novo campeão suíço! Após uma vitória (1-0) na visita ao Servette, a equipa do ex-FC Porto Saidy Janko, conquistou o campeonato ...

ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

Blueonblue 20-05-2024, 19:26
FC
Fcpflaw2506 20-05-2024, 19:26
Blueonblue 20-05-2024, 19:20
PA
parita 20-05-2024, 19:20
AngelEyes 20-05-2024, 19:16
anon428 20-05-2024, 19:04
TI
tink 20-05-2024, 19:00
TI
tink 20-05-2024, 18:58
JS
jsilva77 20-05-2024, 18:57
DI
divertido1976 20-05-2024, 18:52
zlatan_21 20-05-2024, 18:51
ZY
zyxw4321 20-05-2024, 18:46
AS
asa_scouting 20-05-2024, 18:22
relaxong 20-05-2024, 18:19
Echelon77 20-05-2024, 18:17
FL
fllcortez 20-05-2024, 18:16