Nem a expulsão de Carraça no início da 2ª parte (59') abrandou o coração deste Chaves, que viu um grande golo de bicicleta do espanhol Héctor Hernández dar uma importante (e merecida) vitória por 2-1 sobre um Boavista desinspirado. Com esta vitória, os flavienses deixaram, à condição, o lugar de lanterna vermelha do campeonato.
Pontos eram precisos em Trás-os-Montes e o Chaves recebia o (menos aflito) Boavista. Do lado flaviense, o treinador Moreno Teixeira promovia quatro alterações no onze inicial em relação ao último duelo, com as entradas de Jô Batista, Ricardo Guima, Cafú Phete e Carraça, para os lugares que pertenciam a Steven Vitória, Rúben Ribeiro, João Correia e Kelechi. O Boavista, por sua vez, não fazia alterações no onze inicial.
Aflito no fundo da tabela, mas a jogar em casa, o Chaves entrou com vontade de ter bola e rapidamente obrigou o Boavista a baixar a pressão alta demonstrada inicialmente. Com bola, os flavienses apresentavam um 3x5x2, onde as deambulações de Héctor Hernández para as linhas iam criando espaço para o surgimento dos médios em zona frontal e a equipa crescia com bola. Contudo, o golo inaugural surgiu num erro enorme de Sasso, aos 7', que perdeu a bola em zona infantil, na esquerda, e permitiu a Jô Batista servir Guzzo no coração da área, para o 1-0.
Esta primeira metade da 1ª parte tinha sido boa, mas o golo do empate descaracterizou um pouco o Chaves, que continuou a ter mais bola, mas foi bem menos assertivo. O jogo ficou mais combativo, baixou o ritmo e foi sendo parado em excesso com faltas - prova disso foram os cinco amarelos do Chaves ao intervalo -, o que não permitiu grande qualidade. Já nos descontos, Malheiro ainda cruzou bem para Bozenik e este rematou enrolado para defesa de Hugo Souza, mas o empate persistiu até ao intervalo.
Terminado o balneário, a dinâmica do jogo mudou um pouco e era o Boavista quem, agora, queria mais bola, deixando a partida mais dividida a meio campo, embora o Chaves continuasse a procurar ter o seu espaço. Os primeiros minutos foram, no entanto, disputados longe das balizas. Contudo, tudo mudou aos 59', quando o Chaves perdeu a bola em zona proibida, Bozenik foi desmarcado na cara do golo e apenas foi impedido por Carraça, que acabou expulso. O VAR ainda analisou se era penálti, mas a falta tinha sido fora da área. Havia vida no Chaves, mas a vida está complicada.
Perante isto, enfatizou-se um Boavista mandão, com mais bola e a encostar o Chaves à sua área, até porque os flavienses defendiam agora com todos e tentavam jogar na transição. Moreno manteve a linha de três, mas não deixou de olhar para a frente e, depois de Benny na esquerda, adicionou João Correia e Sanca para dar vida à ala direita.
O Chaves ia respirando por aí, mas conseguiu mais do que isso: foi feliz. Com o Boavista mais balanceado para a frente, aos 71', Benny subiu na esquerda, cruzou tenso e João Correia amorteceu ao segundo poste. No coração da área surgiu Héctor Hernández a marcar de bicicleta, para ver e rever e dar vida aos comandados de Moreno.Em vantagem numérica, mas desvantagem no marcador, cabia ao Boavista fazer de tudo para marcar. O Chaves foi-se resguardando, o Boavista, sem soluções para construir no último terço, perante as linhas tão baixas do Chaves, ia cruzando e tentando usar o seu tamanho, mas nada resultava. Quando não era a sua ineficácia - Bozenik, desinspirado, teve grande perdida nos descontos -, era Hugo Souza a agigantar-se entre os postes e o Chaves acabou mesmo por conseguir uma enorme e importante vitória por 2-1, para sair, provisoriamente, do 18º e último lugar da classificação.
O Chaves continua em crescimento e mostra que tem vida neste campeonato. Taticamente foram corajosos, defensivamente exímios e nem a expulsão os parou. Merecida vitória.
O arranque de jogo e a reação ao 1-0 foi positiva, mas o Boavista deixou-se levar pelo jogo mais aguerrido, deixou de potenciar Bruno Lourenço e Agra e perdeu-se na partida. Depois da expulsão, deviam ter gerido melhor o jogo e ter tentado mais do que cruzamentos.
O árbitro Hélder Carvalho teve muito trabalho num jogo durinho e foi obrigado a mostrar uma série de amarelos. Contudo, foi estando correto na tomadas das grandes decisões.