Mais de três meses depois do último triunfo para a I Liga, o Vizela voltou a saber o que é somar três pontos. Na deslocação ao terreno do Gil Vicente, a Rainha reencontrou-se com o caminho mais desejado e venceu o conjunto barcelense, por 0-1. Essende foi feliz, Andrew azarado, com a máscara da resistência da última meia hora a ser substituída pela definitiva (máscara) da felicidade visitante.
Para o desfile de Carnaval no Cidade de Barcelos, Vítor Campelos fez regressar Rúben Fernandes ao eixo defensivo, Mory Gbane e Fujimoto ao miolo, tendo desviado Maxime Domínguez para a meia direita, além do regresso de Félix Correia ao lugar de referência mais adiantada. No lado visitante, nota para o retorno de Essende, esta tarde em coabitação com Sava Petrov. O sérvio fez de Lokilo, com Bruno Nascimento a surgir na vez de Alberto Soro.
Estava a procissão ainda no adro, quando as primeiras virtudes carnavalescas surgiram do cortejo minhoto. Murilo Souza até conseguiu libertar os primeiros confettis de festa para os da casa, mas o fora de jogo de Félix Correia a anteceder a conclusão do subcapitão dos Galos, deixou fora de validade o momentâneo festim dos da casa.
Por essa altura, já Samu tinha procurado vestir a pele de juiz do destino vizelense, num lance em que Andrew foi a balança perfeita para o equilíbrio dos pesos, na primeira batida de martelo da Rainha. Contudo, no surgimento da segunda (batida), Essende bateu o pé e o advogado de defesa (Andrew) não teve mãos a medir, num lance onde o argumento poderia ter sido mais eficaz para evitar a represália anfitriã.
Mas como no Carnaval, ninguém leva a mal, a turma de Campelos instalou o andor da redenção em frente à montra vizelense, numa clara tentativa de diminuir o castigo da desvantagem.
Maxime Domínguez, Gabriel Pereira e Félix Correia bem tentaram transformar-se nos Cavaleiros do Apocalípse para Francesco Ruberto, mas o guardião italiano, sempre que chamado à ação, mostrou como lidar com criaturas do oculto e dispersou os fantasmas que podiam pairar sobre os ombros da equipa de Rubén de la Barrera.
No reatar, os recém-entrados, Tidjany Touré e Alipour, além de Mory Gbane ficaram perto do empate, mas Ruberto voltou a ser enorme na forma como exorcizou a tentativa de magia gilista. O que dizer da parada ao tiro do jovem extremo francês?
Ao perceber o momento de força anfitriã e por força da lesão de Essende, Rubén de la Barrera fez entrar Abdul Awudu e Bondarenko - subiu Matheus Pereira para extremo - e o lateral ucraniano, por pouco e por culpa da bela intervenção de Andrew, não confirmou nova máscara de dor à nação gilista.
Pouco depois, Sava Petrov viu o segundo amarelo após rematar uma segunda bola presente no terreno de jogo, num dos lances mais controversos do desafio. Exposto à vulnerabilidade de jogar com menos um elemento, o Vizela encarnou o papel de mártir, numa verdadeira declaração de resistência à abertura de mãos aos três pontos.
O assédio gilista foi imenso, nem sempre orquestrado da forma mais esclarecida e a máscara da felicidade voltou ao rosto dos vizelenses, mais de três meses depois. Já o Gil regressa às derrotas caseiras, depois do longínquo desaire frente ao Benfica, na 3ª jornada
A seca era longa, mas terminou no dia de Carnaval. Sem vencer desde o duelo contra o Casa Pia, no início de novembro, o Vizela voltou a encontrar-se com a via verde para as vitórias, apesar do sofrimento a que as circunstâncias obrigaram para garantir a vitória.
É certo que Francesco Ruberto foi, talvez, o grande responsável pela derrota do Gil Vicente, mas uma equipa que cria tantas oportunidades deveria ter outra eficácia - como já demonstrou noutras alturas - para fazer abanar as redes adversárias.
Com um critério relativamente largo na primeira etapa, Ricardo Baixinho começou a «apertar a malha» ao nível das admoestações disciplinares no segundo tempo. Aos 63', não perdoou a ação de Sava Petrov, que pontapeou uma bola a mais dentro do relvado, expulsando o avançado sérvio sem cerimónia. Ainda que se aceite, podia ter decidido por uma ação mais pedagógica.