Primeira parte fria, segunda parte quente, avançados com golo e triunfo daqueles que valem muito, em jogos onde não se joga tanto. O Sporting vira o ano como líder da Liga Portugal Betclic, depois de muito suar contra uma muralha gigante, que muitas vezes foi de seis defesas. Seriam os pontas de lança a decidir, movidos pela dinâmica de Morita, contra um adversário que se bateu muito bem.
Outra vez com ausências importantes e com Pote de volta ao meio-campo, o leão foi muito incapaz na primeira parte, mas conseguiu melhorar bastante na segunda. Mesmo com um susto pelo meio, venceu a melhor equipa.
Rúben Amorim tinha dito que não sabia bem que tipo de adversário iria encontrar (em termos de comportamento tático, diga-se), mas não era difícil prevê-lo. Paulo Sérgio, à semelhança do que costuma fazer nos jogos contra as equipas mais fortes, reforçou a defesa com mais um elemento, baixou as linhas e desenhou uma de seis elementos na retaguarda, compactou o meio-campo e privilegiou o cerco à volta da sua área, onde o Sporting raramente penetrou de forma controlada e promissora.
A melhor do Sporting foi por Edwards, num remate de fora da área (ora pois...), e nada mais. O meio-campo, com Morita e Pote, denotou pouca capacidade para descobrir, no meio do muro, os homens da frente. E estes, ficou claro, foram reféns do aglomerado de elementos posicionados por Paulo Sérgio. Paulinho e Gyökeres alternaram no posicionamento central, tentaram confundir as marcações contrárias, mas acabaram por confundir a própria equipa, que quase nunca os encontrou. Com muitos cruzamentos e nenhuma finalização, não deu para mais do que levar o nulo para o intervalo.
Frieza com frieza se pagou e, com uma hora de jogo, tudo ficou favorável à equipa de Rúben Amorim. Só que...
Tudo estava de feição e, aparentemente, não havia mudança de tendência do jogo. O Sporting continuava instalado no meio-campo contrário, o Portimonense prosseguiu recuado e na expectativa de algo. E por algo leia-se uma bola parada.
Na antevisão, o treinador do Sporting falou do lado decisivo que isso teria no jogo e não se enganou, para prejuízo próprio. Num livre lateral, Relvas desviou de cabeça e empatou aos 69 minutos. De repente, um estado de dúvida se podia abater sobre o leão. Mas não.
À segunda, o Sporting não desperdiçou. Convém não esquecer um corte importantíssimo um minuto antes do golo, da autoria de Eduardo Quaresma, vital para o desfecho final. Um desfecho que até podia ter tido golo de Paulinho na única combinação direta entre os dois pontas de lança, só que teve remate do português para fora.
Fora 2023, o leão entra em 2024 um passo à frente dos outros.
Contra uma equipa tão compacta e bloqueadora, o golo á hora de jogo traria sensação de alívio que, com golo sofrido logo depois, podia resultar em clara ansiedade. Não foi isso que aconteceu aos de Amorim, que mantiveram a toada, o rigor e a cabeça fria para poderem aproveitar alguma oportunidade final. Como aconteceu.
Para os treinadores, foi uma primeira parte traduzida em jogo de forças. Para quem assistiu, foram 45 minutos de bocejo. Esperava-se melhor espetáculo, mas percebe-se que as circunstâncias de jogo ditaram algo diferente.