Quantas vezes um miúdo brilhou no intervalo das aulas no campo de futebol, mas deixou de o fazer assim que o melhor jogador da escola entrou em jogo? Pois bem, acreditamos que esta analogia ajuda a explicar um pouco o que se passou no jogo entre o Real Madrid e o SC Braga, que terminou com um 3-0 a favor dos da casa.
Não é que os bons momentos dos arsenalistas tenham surgido apenas por demérito dos blancos, mas a verdade é que deu a ideia de que a melhor fase da equipa orientada por Artur Jorge foi "consentida" pelos merengues. Assim que os comandados de Carlo Ancelotti assumiram as rédeas do encontro, a diferença de valor entre os dois plantéis tornou-se evidente e o Real Madrid construiu um resultado confortável.
Sabemos que, no futebol, o espaço para o "se" é muito curto. No entanto, a forma como iniciámos a crónica podia ter sido totalmente diferente caso Álvaro Djaló tivesse aproveitado a soberana oportunidade de que dispôs logo aos três minutos. Após Borja ser travado por Lucas Vázquez no interior da área, o espanhol assumiu a responsabilidade de bater o penálti, mas, no cara a cara com Lunin (substituiu Kepa, que se lesionou no aquecimento), permitiu a defesa do guarda-redes ucraniano.
Montado num 4-3-3 que se desdobrava num 5-4-1 no momento defensivo- Vítor Carvalho descia para defesa-central-, o SC Braga, que não teve uma referência fixa no ataque de início, não perdeu o foco e conseguiu ter bola nos primeiros 15 minutos.
Liderados por um João Moutinho a fazer lembrar a sua melhor versão de carreira, os arsenalistas pisaram o meio-campo do Real em vários momentos, ainda que, tal como referido em cima, com alguma "permissão" do conjunto da casa.
Após esta entrada mais expectante, os merengues rapidamente mostraram os seus argumentos e foram-se aproximando da baliza de Matheus. Aos 12 minutos, Brahim Díaz teve um golo anulado por fora de jogo, mas, pouco depois, o espanhol não vacilou. Na sequência de uma excelente jogada de Rodrygo pela esquerda, o camisola 21 só teve de encostar no coração da área, fazendo assim o 1-0 com que os jogadores recolheriam aos balneários.
Na frente do marcador, o Real Madrid teve apenas de controlar o rumo dos acontecimentos na etapa complementar. Os segundos 45 minutos podem até ter arrancado numa toada algo "pastosa", mas a maior experiência dos espanhóis veio ao de cima logo ainda antes da hora de jogo.
Servido por Lucas Vázquez, Vinícius Júnior entrou no na área do SC Braga e, com um remate colocado, no sentido oposto ao movimento de Matheus, dobrou a vantagem merengue.
Pouco depois, e já numa fase em que o SC Braga parecia algo perdido, Rodrygo teve uma receção absolutamente deliciosa após ser lançado na profundidade e, na cara do guarda-redes adversário, "picou" para o 3-0.
Até ao final, Artur Jorge ainda lançou nomes como Banza e Abel Ruíz, mas os minhotos foram incapazes de criar perigo.
Com esta derrota, a equipa portuguesa mantém-se com três pontos e no 3º lugar do grupo C da Liga dos Campeões. O Napoli, atual segundo classificado, está a quatro pontos de distância. A qualificação ainda é um sonho possível...
Não é que duvidássemos do valor dos jogadores do Real Madrid, mas ver jogadores como Valverde, Camavinga, Rodrygo ou Vinícius Júnior a transportar a bola em velocidade é um regalo para qualquer adepto de futebol. Há muito talento em Madrid!
Já deixámos elogios à prestação do SC Braga nos primeiros 20 minutos, mas a verdade é que a equipa de Artur Jorge foi muito curta na etapa complementar. O desânimo também tomou conta dos jogadores, mas esperava-se uma reação um pouco mais efetiva.