O FC Porto soletrou E-va-nil-son e resolveu o enigma de Antuérpia.
Três golos do avançado ex-Fluminense, que até começou o jogo no banco, deixaram os dragões em posição muito favorável à qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões.
A equipa de Sérgio conceição foi do horrível ao maravilhoso, do fundo do poço ao nirvana, sobreviveu a um inenarrável primeiro tempo e acabou a dar ares de goleada.
Na cidade dos diamantes, houve vários jogos e disposições num só duelo, funerais e casamentos, mas no fim tudo coincidiu no mesmo destino.
E-va-nil-son. Assim, devagarinho, para saborear cada sílaba.
Misteriosos são os caminhos do Senhor do jogo. O FC Porto estava mal, uma alma errante, entregue ao jugo de um oponente frágil, até que Wendell se lesionou. Mais uma vez.
O resto foi... normalidade. Empatar a história nos primeiros segundos da segunda parte (recuperação, saída rápida e finalização de Evanilson, com a felicidade de um desvio) ajudou a contar o que restava na noite de Antuérpia.
A confiança e a brutal superioridade em todos os níveis atiraram o FC Porto para a salvação de uma noite que, verdade seja dita, chegou a estar em estado de coma.
Um bom trabalho de João Mário deu o 1-2 a Stephen Eustáquio, mas a noite era de Evanilson, na sua boda de diamantes belgas.
Mais dois golos até ao fecho das contas, um deles verdadeiramente sensacional, a demonstrar tudo o que este FC Porto pode ser com liberdade e ordem: abertura larga de João Mário, toque delicado de Pepê e pontapé fortíssimo de Evanilson, claro.
Antes de ter rumo e pensamento, o FC Porto foi mau. Muito mau. Não há como dizê-lo de outra forma.
Perante um Antwerp mais do que modesto, o dragão tremeu, não teve bola, definiu com uma pobreza incompreensível na frente - Galeno e Pepê estavam terríveis - e foi a perder com justiça ao descanso - o erro de Alan Varela na saída de bola foi arrepiante e devidamente penalizado por Alhassan Yusuf.
O que se questiona é como é possível ter estado tão mal em campo? As dúvidas criadas pelas saídas de Uribe e Otávio ajudam a explicar, claro, mas passear tão perto do precipício não costuma ser um bom hábito uefeiro.
A recuperação e a noite mágica de Evanilson devem sobrepor-se a isso, mas o filme só fica completo se compreendermos as cenas iniciais. E essas, para os portistas, foram muito feias.
Há matéria prima no Dragão para a edificação de mais uma equipa competente e de novos sonhos europeus.
A este nível, porém, 45 minutos tão maus costumam significar castigo irrevogável.
Em Antuérpia, a cidade dos diamantes, houve Evanilson a tempo e um crescimento exibicional notável no jogo. Tem a palavra o senhor dragão.
1-4 | ||
Alhassan Yusuf 36' | Evanilson 46' 67' 83' Stephen Eustaquio 53' |
A lesão de Wendell atirou Evanilson para o jogo e o atacante respondeu com três golos. O segundo é extraordinário: abertura de João Mário na esquerda, bom toque de Pepê e pontapé fabuloso do ex-Fluminense. Tudo perfeito.
Primeira parte inenarrável dos dragões, sem pés nem cabeça. Mal com bola, mal sem bola, mal a definir as poucas situações interessantes no ataque. Um primeiro tempo que entra diretamente para o álbum das piores aparições europeias dos azuis e brancos.