Na ressaca de uma reviravolta em Berlim, o SC Braga tomou o gosto pelas vitórias mais difíceis. Este sábado, os arsenalistas voltaram a enfrentar uma desvantagem na receção ao Rio Ave, na oitava jornada da Liga Portugal Betclic, mas também voltaram a conseguir uma reviravolta dramática, com dois golos já para lá do minuto 90 e que deram o triunfo por 2-1.
A primeira parte jogou-se, acima de tudo, pelo lado dos bancos de suplentes. Artur Jorge viu de perto, aos cinco minutos, o passe delicioso de Zé Manuel que deixou Adrián Marín e Serdar batidos e lançou Costinha, que com tempo e espaço ofereceu o 0-1 a Leonardo Ruiz.
Por esse flanco, o direito do ataque vilacondense, nasceu o golo e por esse flanco se continuou a desenrolar grande parte do jogo, mas no sentido oposto. Pela esquerda do ataque, o SC Braga procurou muitas vezes Bruma e o extremo foi dor de cabeça para Costinha e Josué Sá nos minutos que se seguiram. A reação arsenalista foi positiva e contemplou o domínio da posse de bola, bem como vários lances perigosos no ataque.
Apesar do forcing, a equipa da casa não conseguiu o empate nesse momento de maior inspiração, esta que se foi perdendo com o avançar do relógio. O Rio Ave sobreviveu à avalanche ofensiva do adversário, organizou-se e passou a respirar muito melhor no seu 5x4x1. A equipa de Luís Freire obrigou os anfitriões a circularem por fora do bloco e fecharam todos os espaços centrais. Uma lição de bem defender.
Sem espaço para se jogar no meio, Pizzi e Banza passaram os primeiros 45 minutos com muito pouca ou nenhuma bola. A pouco e pouco, embora a maior posse, também na largura os minhotos tiveram dificuldades para criar desequilíbrios perante um adversário muito solidário e capaz no momento defensivo. A primeira parte acabou com um SC Braga sem ideia de como desmontar a teia adversária e lento na circulação. Como de trânsito lento ninguém gosta, a equipa não se livrou de um coro de assobios após o apito de Manuel Oliveira para o descanso.
Abel Ruiz - maior capacidade de baixar no terreno e se associar com os companheiros - foi a solução encontrada por Artur Jorge, ao intervalo, para tentar dar a volta aos problemas de ligação pelo corredor central. A presença do avançado espanhol foi rapidamente sentida, com a participação do mesmo em um par de lances perigosos para a baliza de Jhonatan. Pelo meio, o Rio Ave desperdiçou uma ocasião soberana para fazer o 0-2.
Artur Jorge arriscou relativamente cedo e trocou Joe Mendes por Roger Fernandes, um extremo a fazer de lateral direito. Do outro lado, Luís Freire, percebendo o momento delicado no jogo e o facto de a equipa estar cada vez mais curta no terreno, optou por retirar a referência em Leonardo Ruiz e colocar Hernâni a pensar na transição rápida.
Numa das raras vezes em que conseguiu chegar à zona de finalização na segunda parte, o Rio Ave fez o segundo golo, mas a felicidade de Fábio Ronaldo foi interrompida por um fora de jogo descortinado pelo vídeo-árbitro (VAR). Os últimos minutos, clássicos de uma equipa que joga em casa e tem que ir atrás do resultado, foram de ofensiva bracarense.
Depois de vários cruzamentos ao longo da partida que não criaram sobressalto na defesa vilacondense, a solução era mesmo Roger Fernandes: lateral direito improvisado, o jovem da cantera arsenalista causou pânico ao adversário pela direita e deu a qualidade que faltava ao cruzamento, assistindo Simon Banza e Abel Ruiz para a reviravolta. Com novo teste aos corações dos seus adeptos, o SC Braga saltou, à condição, para o terceiro lugar.
Roger Fernandes foi lateral direito improvisado por Artur Jorge para procurar acrescentar maior fulgor ofensivo à equipa e a aposta foi totalmente acertada. O jovem de 17 anos deu resposta e mostrou ao técnico que é mais uma opção de grande valia.
Artur Jorge apostou, este sábado, na quarta dupla de centrais diferente nos últimos seis jogos. Ainda assim, o SC Braga voltou a sofrer e mais uma vez num lance onde a defesa deixou a desejar.
Critério largo de Manuel Oliveira, por vezes até em demasia. Sobretudo na primeira parte, fica a sensação de ter sido demasiado permissivo.