Na quarta receção caseira do Gil Vicente esta temporada, o quarto jogo a ferir as redes adversárias e, mais importante que isso, a terceira vitória diante do seu público. No encerramento da jornada, os minhotos bateram o Casa Pia por 2-0, numa noite em que a expulsão de Pablo Roberto e a inspiração de coletiva e individual de homens como Zé Carlos, Depú (mais um golo do internacional angolano) ou Tiba marcaram a diferença.
Entre o terceiro ataque mais produtivo e a defesa menos batida da I Liga, tais etiquetas identificadoras dos principais pontos fortes de Galos e Gansos não saíram goradas.
Com futebol apoiado e uma pressão notável na reação à perda, os homens orientados por Vítor Campelos - voltou a repetir o onze apresentado no Estádio do Dragão -, reproduziram o seu ADN habitual, deixando o Casa Pia desconfortável e sem capacidade de sair a jogar, durante, pelo menos, meia hora.
Os primeiros 10' ainda mal tinham chegado, quando Murilo deixou o primeiro aviso, num lance no coração da área em que não se percebeu a cerimónia em alvejar a baliza casapiana. Pouco depois, Depú desperdiçou a melhor situação dos 45' iniciais, com um mergulho de cabeça que não se transformou em golo por uma questão de centímetros. Era o auge do alvoroço no Cidade de Barcelos.
De resto, sobressaíam as combinações protagonizadas por Pedro Tiba (cada vez mais imprescindível na manobra gilista), Zé Carlos e Murilo pela direita, assim como o poderio físico de Depú - não deu uma bola por perdida - entre os possantes Vasco Fernandes e Fernando Varela.
Até ao intervalo, o marcador não mexeu, o Casa Pia passou a respirar com maior desafogo, só que, além de alguns cantos e aproximações, apenas a poderosa cabeçada de Clayton fez rondar o perigo junto à baliza de Andrew. Ainda assim, registavam-se melhorias para a equipa de Filipe Martins.
Para a etapa complementar, o Casa Pia ameaçou mudar seriamente de postura e, como prova disso mesmo, surgiram os perigosos remates de Clayton Silva, capazes de deixar Anrew trémulo com tal perigo.
Contudo, a expulsão de Pablo Roberto - pisão na canela de Gabriel Pereira - deitou por terra o ascendente forasteiro e promoveu o Canto do Galo, logo a seguir. Em mais uma bela jogada que parecia ser retirada da primeira parte, Félix Correia estendeu a passadeira a Zé Carlos que, desde a entrada da área, fez explodir a bola no ângulo da baliza de Ricardo Batista.
Suspiravam de alívio os adeptos gilistas, confirmava novamente credenciais a turma de Campelos: quarta vez, em quatro receções para a Liga que os Galos cantavam de galo sobre as redes adversárias.
Até ao fim, a formação minhota não perdeu o norte, frente a um Casa Pia que não desistiu de tentar. O 2-0 esteve perto por mais que uma ocasião, mas se a trave tramou as intenções de Buta, a posição irregular de Depú, apenas retardou o dobrar da questão. À segunda, o internacional angolano surgiu que nem um predador de área e converteu o passe a rasgar do recém-entrado, Fujimoto. Era o veredicto da batalha do Galo contra o Ganso!
Por vezes as equipas que mais privilegiam o futebol de mais bonito e apoiado são capazes de perder a objetividade pela baliza contrária, mas tal não acontece com este Gil Vicente. Além de uma boa proposta de futebol, esta equipa já provou ser capaz de ferir qualquer adversário, até o que ostenta a melhor defensa da Liga.
Este Casa Pia é conhecido pela forma compacta com que aborda os seus jogos. Mais uma vez, a equipa de Filipe Martins não descurou defensivamente, até que a expulsão de Pablo Roberto terminou com o plano de levar os três pontos de Barcelos.
Num desafio em que teve de recorrer à ação disciplinar por várias ocasiões, Hélder Carvalho mostrou-se acertado nas decisões mais importantes de teve de tomar; quer na expulsão de Pablo Roberto, quer no golo invalidado a Depú.