Que loucura! Foi preciso sofrer até praticamente ao último suspiro, mas depois de uma 2ª parte com cinco golos (!), o SC Braga, que quase desperdiçava uma vantagem de três golos e foi mesmo encostado, a certo ponto, pelo Estrela da Amadora, acabou mesmo por vencer na Reboleira por 2-4, antes de voltar a virar energias para a Liga dos Campeões.
De volta à Reboleira, Sérgio Vieira fazia apenas uma alteração, forçada, em relação à última jornada, com Omurwa a entrar para o lugar do castigado Mansur. Do lado adversário, Artur Jorge mantinha a confiança nos mesmos 11 que tinham, na última jornada, batido o Boavista por 4-1, procurando a 2ª vitória seguida.
Fiel a si mesmo, o Estrela entrou em jogo intenso, pressionando muito alto na construção bracarense, mas rapidamente foi deixado em sentido, uma vez que logo no segundo minuto os Gverreiros souberam explorar essa subida, jogaram nas costas da defesa e Pizzi ficou perto do golo. Isto mudou um pouco a forma de pressionar tricolor, que continuou alta, embora baixando com o aproximar do intervalo, mas com linhas mais separadas, para controlar essa profundidade e proteger-se.
Ofensivamente, contudo, os da casa estavam bem e até pareciam quase sempre mais confortáveis com bola, explorando bem a largura e a velocidade dos seus extremos, que tinham vantagem nas alas, especialmente depois da saída precoce de Víctor Gómez aos 4', fruto de lesão, que obrigou à adaptação de Serdar à direita. Com o turco aí, Ronald Pereira foi sendo uma autêntica dor de cabeça para o SC Braga e foi por aí que o Estrela foi quase sempre mais perigoso. Serdar ia cumprindo em defesa organizada, mas sempre que tentava ajudar mais na frente, era explorado nas costas com facilidade.
Em desvantagem, o Estrela nada mudou e até viu o SC Braga baixar ligeiramente as linhas, procurando, quiçá, jogar no erro estrelista. Os comandados de Sérgio Vieira estavam confortáveis com bola, melhoraram a questão da profundidade e foram encostando os bracarenses, que apenas deram sinais de vida no ataque mais perto do intervalo, mas Bruno Brígido esteve bem. Do outro lado, Jabá e Ronald iam dinamizando a equipa e exploraram bem as costas de Serdar e Borja, criando um par de boas oportunidades, mas também Matheus se mostrou a bom nível.
Apesar de estar em vantagem, Artur Jorge queria algo diferente - talvez a pensar no próximo jogo, com o Union Berlim, próximo a nível tático deste Estrela - e fez entrar Abel Ruíz, para fazer companhia a Banza na frente, num 4x4x2. O Estrela demorou a reequilibrar-se com esta mudança, uma vez que a presença de dois avançados alterou o posicionamento dos seus três centrais, e acabou por sofrer com isso mesmo. Aos 49', Horta desmarcou bem Banza na esquerda da área, este tirou um defesa, rematou para defesa incompleta de Brígido e Djaló só teve que encostar para o 0-2.
Com dois golos de desvantagem e o meio campo bracarense menos povoado, o jogo ficou mais partido com facilidade e as duas balizas foram surgindo na ação com mais frequência. Sérgio Vieira percebeu que nada tinha a perder e desfez a linha de cinco defesa à hora de jogo, colocando mais poder de fogo na frente, mas acabou por sofrer com o tal jogo mais partido, uma vez que o SC Braga teve espaço para a transição e mostrou-se, novamente, mortífero aos 68', quando Horta foi desmarcado por Djaló na direita da área, cruzou na linha de fundo e permitiu a Banza encostar para o 0-3 e abrilhantar um grande jogo.
O ímpeto do jogo tinha mudado e isso sentia-se na energia das bancadas, onde os adeptos da casa puxavam como nunca pela sua equipa. O Estrela sentiu-o e foi com tudo em busca de pontos, ficando pertíssimo do empate aos 88', mais uma vez pela esquerda (SC Braga frágil desse lado), com Ndour a atirar por cima, na cara do golo. Os descontos viveram-se com o coração nas mãos, dos dois lados, mas Ricardo Horta acabou por «matar definitivamente a partida aos 90+4, num remate fora da área colocado, quando o Estrela até estava melhor. Sofrido, mas os Gverreiros venceram mesmo por 2-4 na Reboleira.
Artur Jorge arriscou, percebendo que mais presença na frente podia desorganizar a defesa estrelista, e apostou no antigo 4x4x2. O jogo abriu e os bracarenses foram mais eficazes, na defesa e ataque, aproveitando o espaço para potenciar a sua frente de ataque e ampliar a vantagem. Curiosamente, acaba a sofrer dois golos quando volta ao desenho inicial.
O Estrela até foi a melhor equipa com bola na maioria da partida, mas o SC Braga soube defender-se e adaptar-se à lesão de Victor Gomez. Faltou bola aos bracarenses, mas a que tiveram, aproveitaram bem e Artur Jorge teve mérito na mudança tática ao intervalo, que dificultou o trabalho estrelista e abriu o jogo.
Mais um bom jogo coletivo do Estrela, mas mais uma vez a vitória fugiu. Os tricolor continuam fieis a si mesmo e com um estilo atrativo com bola no pé e perigosos na frente, mas pecaram na finalização e assim fica mais difícil, embora a resposta final tenha sido muito positiva. Os pontos começam-se a ganhar cedo na época, para não escassearem mais tarde.