Com ligeiros ares de despedida do verão, que terminou precisamente este fim de semana, o Benfica visitou o Algarve na procura pelo calor da vitória. Essa tarefa foi cumprida, graças a uma primeira parte jogada sob o sol algarvio.
Frente a um Portimonense que vinha da sua primeira vitória nesta Liga Portugal Betclic, a águia procurou aliar uma resolução rápida do jogo à gestão de minutos e aparentou conseguir fazê-lo, antes de um pequeno susto que quase colocou tudo em causa. Trubin e Neres, talvez dois nomes improváveis para este destaque, foram as peças que se agigantaram para recolocar a equipa no caminho da vitória e na perseguição aos rivais.
Se excluirmos o convívio partilhado e as imperiais que hidrataram os arredores do estádio, a tarde algarvia começou a pouco mais de uma hora do pontapé de saída, quando se soube que o Benfica entraria em campo sem algumas peças importantes.
Di Maria foi rendido por Neres devido a uma lesão aparentemente sofrida na derrota frente ao Red Bull Salzburg, o mesmo jogo em que António Silva contraiu um problema diferente: Morato. O central brasileiro teve uma oportunidade a titular, no seguimento de uma boa exibição possibilitada pela expulsão de… António Silva. João Neves descansou os 45 minutos da primeira parte, dando a titularidade a Florentino.
Se um golo ao quinto minuto apontava para uma vitória tranquila, o 2-0 aos 20 minutos de jogo veio dar alguma êxtase à tão bem composta bancada visitante. Contra-ataque bem trabalhado e David Neres, pela primeira vez no onze, fez a sua terceira assistência nesta edição da Primeira Liga. Petar Musa só teve de encostar para marcar pela quarta vez em três visitas a este estádio, contando Boavista e Benfica.
O 2-0 manteve-se até ao intervalo, embora ameaçado em mais do que uma ocasião. Kokçu tentou levar a equipa para a frente e Rafa Silva foi o principal beneficiário, com duas boas ocasiões para dilatar. O Portimonense também tentou assustar num par de ocasiões, mas nunca o suficiente.
Confortável, Roger Schmidt aproveitou o intervalo para gerir. Jurasek voltou de lesão, Arthur Cabral teve uma oportunidade e João Neves também entrou, para o necessário descanso de peças como Bah, Musa e Kokçu. Esteja relacionado com isso ou não, a verdade é que o início do segundo tempo foi o pior período das águias, que estiveram perto de colocar tudo em risco...
Apenas um minuto depois de marcar, Hélio Varela rematou contra a mão de Morato (prova ligeira do veneno de António Silva...) e ganhou uma grande penalidade que Rildo não converteu porque o guarda-redes ucraniano do Benfica mergulhou de forma magnífica! Ao terceiro jogo, Trubin enfrentou a quarta grande penalidade na baliza encarnada e eis que, por fim, fechou a porta. Redenção?
De resto, para garantir que a equipa levava mesmo os três pontos do Algarve, foi David Neres que voltou a aproveitar esta sua maior dose de minutos na temporada para se estrear a marcar em 2023/24.
O extremo brasileiro, que nem sempre esteve envolvido mas foi eficaz quando chamado, manteve-se fiel a esse princípio e aproveitou a assistência de Rafa para fazer o 1-3, depois do compatriota Arthur Cabral iniciar o lance. O ponta de lança ex-Fiorentina, de resto, voltou a ser mais esforçado do que certeiro.
Apesar do susto, o Benfica sai do Algarve com três pontos e com as feridas do início da semana saradas. Soma a quinta vitória consecutiva na Liga e continua a perseguição.
Hélder Malheiro teve uma arbitragem regular e sem grande polémica. Manteve um critério largo ao longo da partida, embora os jogadores também não tivessem complicado o jogo. Na decisão mais difícil - a da grande penalidade - foi correto com as leis do jogo e assinalou o castigo máximo. Nota muito positivaa.
A sigla «GG», que é uma tão contemporânea forma de dizer «good game» (bom jogo), pode ser aplicada à forma como se construiu, este domingo, uma boa partida de futebol em Portimão. Boa, porque garantidamente não foi excelente. A sigla pode, no entanto, representar também a fórmula perfeita de um fim de semana encaixado entre um jogo europeu e um Clássico: «gerir e ganhar».
Foram raríssimos, se é que de todo existentes, os momentos em que o Portimonense se impôs. É evidente que o adversário joga para outros objetivos e era dono de todo o favoritismo, mas fica a sensação de que, jogando em casa com desvantagem no marcador, a turma de Paulo Sérgio podia ter atacado mais. Deu dificuldades ao adversário durante um minuto, tempo em que marcou e ganhou a grande penalidade.