Acontece precisamente esta noite em Vizela, é uma tradição cada vez mais em voga em terras portuguesas e... pouco significa, para além de mais um motivo para festejos. Só que, em campo, foi vestido de branco que o Benfica apareceu para, em muitos momentos, apresentar a sua melhor versão da época, pouco materializada em golos. Chegou a parecer bastante fácil, tornou-se difícil nos últimos 20 minutos, mas resultou em nova vitória em Caldas de Vizela.
Rafa foi o grande impulsionador de jogo da águia, esteve nos dois golos e pôde ver bem de perto um golaço de Di María de livre. Roger Schmidt chegou a pensar gerir a equipa a pensar na Liga dos Campeões, que o jogo aparentava estar totalmente dominado, só que o macio Vizela de repente ganhou dentes e ameaçou ferir a águia, que estreou Trubin na baliza.
Não vamos escrever sobre o aquecimento, onde há o típico jogo em espaços reduzidos e no qual os jogadores em maioria trocam a bola rapidamente com adversários no meio à procura de intercetar. Escrevemos sobre o próprio jogo, onde, em grande parte do tempo, o Benfica o fez em campo inteiro - muitas vezes em plenas invasões à área contrária. Não estava em superioridade numérica, mas parecia, tal a capacidade de jogo curto e de toques eficazes da equipa de Roger Schmidt.
E, por falar no adversário, que débil sempre pareceu o Vizela, combativo à frente, mas macio no seu meio-campo, ainda em completo reconhecimento de território (e de colegas), onde Samu foi a exceção. A equipa de Pablo Villar não teve outro antídoto que não o de correr, atrás da bola e do adversário, inevitavelmente desfeita em termos posicionais.
Ao intervalo, não parecia haver dúvidas sobre o desfecho do jogo. Mas não foi bem assim...
Continuou a parecer tudo fácil para as águias. O controlo dava-se no meio-campo contrário, a capacidade do adversário continuava diminuta e parecia uma questão de tempo até que o marcador dilatasse. Só que Musa desperdiçou mais um grande trabalho de Rafa, na melhor oportunidade dos primeiros 20 minutos, e a seguir o jogo ganhou vida.
Pelo meio, o Benfica continuou a tentar controlar, com muita posse, jogo curto e apoiado, mas cada vez menos objetividade na procura da baliza de Buntic. Roger Schmidt tardou em substituir e só quando o fez a equipa ganhou nova consistência coletiva, pois até aí era notória a quebra física de jogadores como Di María ou João Mário. Ainda que, nessa altura, também tenha sido obrigada a recuar e sofrer até ao fim.
Arbitragem globalmente bem conseguida e com critério. Bem no penálti a favor do Vizela. Apenas com um tema polémico, na segunda parte: o fora de jogo assinalado a Rafa não fez sentido, porque parece haver desvio de Neres antes, e, como tal, ficaria em aberto a possibilidade de expulsão do guarda-redes Buntic.
É delicioso ver Neves, Kokçu, Di María, Rafa, João Mário e companhia trocarem a bola entre jogadores adversários. Aconteceu inúmeras vezes, umas deram em lances perigosos, outras não, mas em quase todas o Vizela pareceu sair desnorteado e a perder os posicionamentos. Um regalo para quem gosta de futebol.
Claro que o mérito do adversário é inquestionável e incomparável, mas, mesmo que tenha criado incerteza no marcador, este Vizela pareceu muitas vezes bastante distante de poder fazer cócegas. Villar tem muito trabalho pela frente, numa equipa que ainda precisa de rotinas e fibra para ser da valia das equipas dos anos anteriores.