Hoje, ainda mais do que ontem, Paulinho é o melhor marcador da Liga. Mais um jogo, mais uma vitória e mais um golo, numa noite que voltou a ser dele. De momento, também o Mundo parece ser.
A noite começou com uma homenagem ao avançado, que há uma semana atingiu 100 jogos de leão ao peito, e foi constantemente pautada pelos lances em que este se aproximou do golo por estar tão perfeitamente adaptado às novas funções. Beneficia o Sporting, que venceu um sempre difícil Famalicão e assim voltou a igualar o Vitória no topo da tabela da Primeira Liga.
Bilhetes esgotados voltaram a não se traduzir em estádio cheio, mas isso não subtraiu ao belo ambiente verificado em Alvalade no início da noite de domingo. Pintava-se uma noite de festa, que chegou a amargar quando a frustração (mais direcionada ao adversário e ao árbitro do que à equipa da casa) cresceu.
O Sporting entrou faminto, talvez devido à hora do pontapé de saída, e começou desde cedo a criar problemas com um onze em que a inclusão de Hjulmand foi a grande novidade. O dinamarquês, confiante em posse - e muito mais próximo de Palhinha do que de Ugarte -, rendeu Marcus Edwards, o que permitiu a subida de Pote para o lado direito do ataque, onde desde 2020/21 não tem sido tão utilizado.
Afigurava-se uma espécie de 4-2-3-1 em posse, que rapidamente se transformava em 5-3-2 sem bola, com Alex Dobre a recuar para a defesa. O extremo romeno, embora pouco testado diretamente, pareceu várias vezes perdido, chegando a ceder a primeira grande ocasião do jogo por ter colocado Gyokeres em jogo desnecessariamente. Esse lance só não deu golo (de Paulinho, claro) porque o passe do sueco saiu mal medido.
Apesar de aparentemente sólida, a muralha famalicense quebrou mais algumas vezes, faltando ao leão melhor definição no último terço. Isso durou até à fase em que a partida quebrou, muito graças às inúmeras lesões de atletas visitantes. Aí começaram os assobios nas bancadas, que tiveram um auge na hora do intervalo, especialmente quando o Famalicão entrou em campo depois de deixar os jogadores do Sporting à espera durante largos minutos.
O leão continuou por cima, com um Gyokeres cada vez mais solicitado no ataque. Pediu grande penalidade em dois lances distintos e o segundo deles até teve intervenção do VAR, mas depois disso o Famalicão subiu mais as linhas, para contrariar os pedidos de maior calma e controlo por parte de Amorim.
As tentativas famalicenses foram, no mínimo, tímidas, e entre elas o Sporting aproximou-se do 2-0 várias vezes, com ajuda de quem começou no banco. Bragança obrigou Luiz Júnior a mais uma defesa e Geny Catamo fez magia para assistir Pote, que teve algum azar no desvio do remate.
Margem mínima, no final, mas disso houve poucas queixas em Alvalade, que voltou a fechar com a festa da música de Paulinho. «Eles até caem» e o motivo é simples: o Sporting segue líder.
Paulinho fez-se estrela quando menos provável parecia, adaptando-se da melhor forma ao novo papel que tem com Gyokeres em campo. O sueco é um tanque, capaz de levar a equipa para frente de várias formas diferentes. Pote voltou ao lado direito, tanto tempo depois, e conseguiu, mesmo num bom jogo, ser o elemento menos perigoso. Edwards, tão importante para a equipa, nem saiu do banco e isso é uma boa prova de que há saúde no ataque...
Como referido na crónica e na nota acerca do árbitro da partida, houve uma série de momentos que tiraram valor à noite e, acima de tudo, ao espetáculo. O jogo estava bom para o adepto neutro durante os primeiros 20-30 minutos, até que uma série de lesões e outros momentos mal geridos tiraram o futebol do holofote e levaram os adeptos da casa a um registo bem mais intenso. Ficou a sensação de que teria sido fácil de evitar.