O Sporting mostrou-se atrevido em Alvalade e bem tentou ganhar, mas faltou muita eficácia. O FC Porto, por sua vez, foi matreiro, coeso e mortífero e acabou por sair por cima ao vencer em Alvalade por 1-2, mantendo a luta pelo título acesa. Foi a primeira vez na história que dragões venceram cinco jogos seguidos frente ao rival leonino.
Era dia de jogo grande na Liga Portugal Bwin, com o famoso Clássico entre Sporting e FC Porto. Do lado leonino, Rúben Amorim foi quem mais surpreendeu no onze inicial, dando a titularidade a Francisco Trincão, Fatawu, ao reforço Héctor Bellerín e até mesmo a Chermiti, apesar da disponibilidade de Paulinho, com Morita ausente devido a gestão física. Já do lado portista, Sérgio Conceição fez regressar ao onze Grujic e Taremi.
Os dois técnicos já tinham avisado na antevisão da partida que o empate não servia a ninguém e isso notou-se no apito inicial, especialmente do lado leonino. Rúben Amorim já havia surpreendido nas suas escolhas e os primeiros minutos mostraram que a equipa estava claramente balanceada para o ataque. Com Pote a dinamizar o meio campo, tentando servir a largura e velocidade das alas, reforçadas com Bellerín e Fatawu, de cariz ofensivo, a intensidade marcou os primeiros minutos e o internacional português tentou diversas vezes passes de rutura em busca dos colegas, mas estava a falhar no timing dos mesmos.
Do lado portista, por sua vez, os comandados de Sérgio Conceição mostraram-se, como é algo comum em jogos destas características, algo confortáveis em ceder as rédeas aos adversários, assumindo uma atitude focada na transição rápida, onde o nível dos seus executantes podia causar estragos. Pepê surgiu como o vagabundo da equipa, fazendo lembrar um pouco Otávio, promovendo uma série de trocas com André Franco e deambulando entre setores e corredores, algo que foi de extrema importância para sair da pressão alta leonina.
O FC Porto até parecia algo desligado a nível ofensivo, mas soube aproveitar as fragilidades defensivas de Fatawu e era por esse corredor que se mostrava mais perigoso, acabando mesmo por ver Taremi atirar à barra aos 33', num lance algo aos reboliços, mas onde ficou o aviso. Curiosamente ou não, no minuto seguinte Rúben Amorim voltou a surpreender e tirou Trincão - que estava a passar completamente ao lado - para entrar Paulinho. O avançado, numa primeira instância, fixou-se na esquerda, mas eram diversas as vezes onde se juntava a Chermiti para causar desequilíbrios nos centrais portistas e essa fórmula quase deu golo, aos 40', quando Pote surgiu na esquerda a cruzar e Edwards serviu o jovem avançado. Mas este acertou num defesa.
Depois de uma 1ª parte atrevida, Rúben Amorim sabia onde tinha que mudar e ao intervalo não hesitou em tirar Fatawu para colocar Nuno Santos. Mas não se ficou por aqui e 10 minutos depois já tinha também colocado Esgaio no lugar de Bellerín, mudando as duas alas rapidamente. O jogo pareceu ficar mais encaixado taticamente neste arranque de 2ª parte, mas a verdade é que o FC Porto foi fiel a si mesmo: matreiro. Ofensivamente, os dragões até estavam a deixar algo a desejar coletivamente, mas à hora de jogo Uribe sacou um coelho da cartola, ganhou um ressalto e não perdoou na cara de Adán. 0-1 em Alvalade.
3.º ⚽golo de Uribe ao Sporting: é a equipa a quem + golos marcou ao serviço do FC Porto - na carreira, só marcou + ao La Equidad (4) pic.twitter.com/lfJCgKjpUR
— Playmaker (@playmaker_PT) February 12, 2023
Um pouco como vem sendo habitual nesta temporada, os leões sentiram fortemente o golo sofrido e isso notou-se na forma de jogar e atitude em campo. O dinamismo mostrado anteriormente desapareceu rapidamente e foi substituído por apatia. Os dragões aproveitaram isso para gerir o ritmo a seu proveito e passaram a ter mais bola, até porque os comandados de Rúben Amorim pareciam incapazes de ligar setores (Pote desapareceu) e apenas as incursões de Nuno Santos traziam alguma velocidade.
E se o empate não servia ao Sporting, a derrota muito menos e, por isso, Rúben Amorim voltou a arriscar, colocando Arthur Gomes no lugar de Esgaio, que apenas esteve em campo 15 minutos. De falta de coragem e risco, ninguém podia acusar o técnico leonino. A equipa até se balanceou para a frente, mas a insistência na lateralização de jogo persistia e faltava o tal elo de ligação a aparecer entre linhas, o que facilitava o trabalho do FC Porto. Percebendo, no entanto, a importância deste resultado para as contas do campeonato, Conceição assumiu uma linha de cinco defesas e aposta na transição.
Foi bom ver um Sporting com clara vontade de ganhar no arranque do jogo e com decisões do treinador balanceadas para o ataque. Isso deu mais ritmo ao jogo e tivessem os leões mais eficácia e a história tinha sido claramente outra.
O FC Porto teve mérito em ser mortífero e chegar ao 0-1, mas o Sporting, mais uma vez, foi totalmente abaixo com o golo sofrido e descaracterizou-se completamente. É um aspeto a melhorar por esta equipa de Rúben Amorim.