O duelo de arquipélagos ditou que os Açores dissessem adeus à Taça de Portugal, depois da eliminação do Rabo de Peixe, em casa do Nacional da Madeira.
Apesar dos dois escalões que separam as duas equipas, a formação madeirense conseguiu apenas uma vitória pela margem mínima e não se livrou de alguns sustos no final da partida, embora a equipa de Filipe Cândido tenha jogado toda a segunda parte reduzida a 10, por expulsão de Danilovic no final do primeiro tempo.
A cada jogo na Choupana, a incógnita: irá o nevoeiro dar tréguas? Antes da partida, ainda ameaçou descer até ao relvado, mas foi depois dos 20 minutos que chegou verdadeiramente a incomodar. Curiosamente, foi também por volta dessa altura que a história do jogo ficou escrita.
Apesar de algumas alterações pontuais, Filipe Cândido mostrou ao que vinha quando apostou em vários rostos habituais e em três avançados na frente de ataque. Com Dudu a ter a primeira grande oportunidade do jogo - grande defesa de Imerson -, o Nacional mostrou que a ideia passava por chegar cedo ao golo.
A equipa açoriana, que está a fazer uma excelente campanha no Campeonato de Portugal, chegou algumas vezes à área contrária, mas sempre com poucos elementos, o que dificultava cada jogada de ataque. No entanto, o maior erro foi defensivo.
Clayton Sampaio, com uma bola aparentemente inofensiva, encontrou Bruno Gomes sozinho nas costas da defesa do Rabo de Peixe e o brasileiro, numa altura em que o nevoeiro ia pairando junto ao relvado, fez o golo da equipa da casa.
Com controlo do jogo e do resultado, o Nacional caminhava tranquilamente para o intervalo. A equipa de Filipe Cândido dominava a partida e tinha criado outra boa situação de golo por Dudu quando, em cima do intervalo, Danilovic viu o segundo amarelo e foi expulso.
Apesar das tentativas tímidas de chegar à baliza de Rui Encarnação, a equipa do Campeonato de Portugal já tinha deixado alguns indicadores, embora quase sempre por iniciativas individuais, a maioria delas conduzida por Lucas Reis, mas a jogar com mais um elemento, a equipa de Hélio Oliveira aumentou as possibilidades de sucesso.
Se é certo que a segunda parte teve mais bola do lado açoriano, também é justo dizer que o Nacional controlou grande parte do que restava da partida. As entradas de Witi e de Zé Manuel deram largura e verticalidade e quase resultavam no 2-0, que Imerson voltou a impedir.
Sem grandes ocasiões, a equipa açoriana guardou-se para os últimos 15 minutos de jogo, altura em que arriscou mais, deu espaço ao adversário, mas também criou oportunidades para lutar pela eliminatória.
Manuel Mané e Pedro Tavares tiveram duas ocasiões flagrantes para o golo do empate, mas foi no último dos quatro minutos de compensação que Mamadu Candé ameaçou mesmo levar o jogo para prolongamento. Rui Encarnação selou aí o prémio de homem do jogo para o zerozero, ao evitar o empate com uma defesa impressionante, que leva a Madeira para os oitavos da Taça e retira os Açores da competição.
Rui Encarnação levou o prémio de homem do jogo, mas Imerson também se destacou com duas excelentes intervenções que ajudaram a manter o Rabo de Peixe vivo na eliminatória.
Em desvantagem e a jogar com mais um elemento durante tanto tempo, a equipa açoriana demorou a procurar o risco para tentar evitar a eliminação. Apesar da diferença de escalões, a necessidade de marcar obrigava a tentar algo um pouco mais cedo.
Se o primeiro amarelo mostrado a Danilovic fez todo o sentido, o segundo não se entende. O médio corta a bola e depois não pode evitar o ligeiro contacto com o jogador açoriano. Por outro lado, o Rabo de Peixe também tem motivos para queixas, uma vez que ficou penálti por assinalar por mão de André Sousa, já na segunda parte.