«When it rains, it pours», dizem lá fora, numa expressão que já tinha sido confirmada pelas cheias das últimas duas semanas e que agora serve também de sumário máximo para o que se viveu esta segunda-feira em Alvalade.
Esperava-se mais uma tempestade em Lisboa, que já estava em alerta laranja desde o início do dia, mas foi só a poucos minutos do pontapé de saída que a chuva se fez sentir pela primeira vez, ainda leve. Soou o apito inicial e de repente começou um dilúvio de proporções bíblicas, especificamente no interior da baliza do SC Braga, inundada pelo bom futebol de um leão rejubilante.
Um, dois, três... muitos! Ao fim da primeira parte já eram cinco golos, um recorde da Taça da Liga e logo num jogo que se esperava equilibrado, e esse resultado manteve-se até ao apito final. Com o estilo e substância de quem já leva 18 marcados e nenhum sofrido, o Sporting foi a primeira equipa a chegar à final four.
Os jogos entre estas duas equipas têm vindo a ser alguns dos mais interessantes no passado recente do futebol português. Muita disputa, reviravoltas e uma boa dose de thrillers, daqueles que fazem os adeptos sentar-se na ponta da cadeira, num confronto que tem caído quase sempre para o lado do Sporting. Nos últimos dois encontros não foi esse o caso, mas Rúben Amorim não permitiu que a sua ex-equipa criasse uma nova tendência.
Começou cedo (segundo minuto), com uma finalização fácil de Gonçalo Inácio no seguimento de um canto que gerou algumas dúvidas, e a vantagem foi rapidamente duplicada, com um golo de selo ex-SC Braga: Trincão assistiu de cabeça e Paulinho, confiante, finalizou de forma deliciosa o seu sexto golo nesta Taça da Liga.
A temporada tinha começado com um 3-3 no Minho, se o leitor bem se recorda. Desta vez construía-se um festival de golos mais egoísta...
Por mais que o Sporting estivesse confortável na sua organização e tremenda confiança, como tem sido a norma desde o Mundial, é importante salientar o completo desnorte da defesa do SC Braga. Os visitantes entraram mal e ficaram ainda pior, com organização questionável e alguns erros. Caso para dizer que quem anda à chuva, molha-se.
Edwards voltaria a ganhar um penálti em lance individual, dessa vez convertido pelo próprio, mas esse foi já o último golo, em cima do apito para o intervalo. Antes disso foi Trincão que se recusou a celebrar, depois de um lance em que a sua antiga equipa lhe estendeu a passadeira vermelha com um bom exemplo de como não transitar para a defesa.
Artur Jorge fez substituições à meia hora, ao intervalo e pelo jogo fora, mas nunca conseguiu corrigir aquilo que estava a correr mal. O Sporting geriu, tranquilo, como quem já tinha dado aos adeptos uma boa prenda de natal: presença na final four da Allianz Cup.
A pausa do Mundial foi curta em Portugal, onde o futebol continuou graças à Taça da Liga, mas mesmo assim o Sporting aproveitou ao máximo o maior tempo de treino. Rúben Amorim teve mais tempo com os seus jogadores, maior espaço entre os jogos e isso teve resultado imediato numa prova em que o treinador tem sido feliz. Para já, são quatro vitórias em quatro jogos, com 18 golos marcados e zero sofridos.
5-0 é um resultado duro para qualquer equipa, mas não se pode dizer que não tenha sido merecido. O SC Braga esteve muito longe do nível habitual e chegou a Alvalade com uma organização defensiva que não tem lugar em futebol desta categoria, de maneira que bastou um Sporting capaz para golear. Artur Jorge podia ter tido maior impacto na atenuação de danos, mas as mexidas não surtiram efeito.