O «autocarro» do Portimonense surpreendeu e aguentou quase uma hora, mas assim que o capitão Pedro Sá viu ordem de expulsão, por acumulação de amarelos, tudo ficou mais fácil para o campeão Sporting, que conseguiu terminar o ano com uma vitória por 3x2 e seguir para 2022 em festa. A pressão vira-se agora para o Clássico entre FC Porto e Benfica.
Depois de ambas as equipas terem avançado na Taça de Portugal, Rúben Amorim voltou a chamar a totalidade dos «pesos pesados» ao onze titular, sem grandes novidades, enquanto Paulo Sérgio teve uma missão mais espinhosa. O técnico algarvio teve dúvidas até à última hora e horas antes do jogo soube que Lucas Fernandes e Moufi testaram positivo à covid-19, o que levou a algumas mudanças e adaptações.
Tudo apontava para um 34x4 algarvio frente aos leões, mas o Portimonense acabou por surpreender um pouco os campeões nacionais e apresentou-se em Alvalade com uma linha de seis homens na defesa quando sem bola, com Angulo a servir de ala direita, três centrais mais Relvas e Fali Candé na esquerda, deixando apenas Fabrício no ataque e três no miolo. Quando com bola, este sistema rapidamente era rapidamente alterado, com os alas a darem profundidade e largura e Relvas a apoiar o meio campo.
1.ª vez que o 🦁Sporting chega ao intervalo em desvantagem no marcador neste campeonato pic.twitter.com/lWamwAu4J9
— playmakerstats (@playmaker_PT) December 29, 2021
Ora, esta opção por parte do Portimonense permitiu ao Sporting ter muita bola nos pés, especialmente entre os jogadores mais recuados, o que levou a que os leões jogassem com uma linha defensiva ainda mais adiantada do que aquilo que Rúben Amorim costuma impor. Por isso mesmo, o Portimonense foi dando uso à longa distância, mas também foi inteligente a chamar a equipa do Sporting e a jogar na largura dada pelos seus alas e aos 20 minutos chegou ao golo. Os algarvios chamaram essa pressão, saíram em velocidade e Nakajima fez um grande passe em rotura. Fali Candé aproveitou a falha de Gonçalo Inácio e cruzou, vendo o corte infeliz de Matheus Reis a colocar a bola na própria baliza.
As poucas vezes que o Sporting conseguiu causar perigo no último terço do terreno surgiram aquando da incursão dos seus alas ou de Matheus Reis no ataque ou em bolas longas nas costas da defesa contrária, mas o Portimonense mostrou ter a lição bem estudada e poucas vezes falhou no controlo da profundidade. Os leões foram, por isso, tentando a meia e longa distância e aí Samuel Portugal não teve dificuldades.
Depois de uma 1ª parte que deixou bastante a desejar para os lados do campeão, Rúben Amorim procurou trazer algo de diferente e Pablo Sarabia apareceu por mais vezes a dar largura no corredor direito, procurando abrir espaço para as incursões entre linhas de Matheus Nunes para tentar desbloquear o bloco baixo algarvio. Percebendo que o Portimonense estava cada vez mais a «dar» a posse de bola ao desbarato, o técnico leonino também retirou Palhinha - que pouco estava a acrescentar face aos características do jogo - para dar vez a Daniel Bragança, assim como Geny Catamo para a largura.
Contudo, essa expulsão acabou por deixar o miolo do Portimonense um pouco desnorteado e Paulo Sérgio tardou em reequilibrar essa zona do campo, o que deu tempo (e espaço) ao Sporting para aproveitar as zonas frontais à baliza, com Bragança a trazer maior dinamismo e mobilidade que Palhinha. Ao minuto 65, uma subida de Nuno Santos pela esquerda acabou por fazer toda a diferença, com o ala português a colocar a bola com peso, conta e medida na cabeça de Paulinho para este empatar a partida.
A partir daqui, tudo foi mais fácil para os leões. Paulo Sérgio ainda colocou Henrique Jocú em campo para reequilibrar o meio campo, mas a equipa do Portimonense já não era a mesma e foi uma questão de tempo até à reviravolta no marcador. Reviravolta essa que chegou aos 76 minutos, com Paulinho a aproveitar um ressalto na área - nota para o grande passe de Matheus Reis no início da jogada - para fazer o 2x1. A seis minutos do fim, o avançado português aproveitou uma jogada de insistência de Pote e fez o merecido hat-trick para o 3x1.
Mesmo em cima do apito final, Possignolo ainda reduziu para o Portimonense, num lance de bola parda, mas a vitória não fugiu ao leão. Com este resultado, o campeão Sporting é líder isolado, à condição, do campeonato com 44 pontos, colocando agora a pressão do lado do FC Porto e Benfica, que jogam esta quinta-feira. Os leões terminam um grande ano de 2022 com uma importante vitória.
O árbitro António Nobre teve uma boa exibição. A expulsão de Pedro Sá, por acumulação de amarelos, é correta, e a decisão de não assinalar grande penalidade no final da 1ª parte, por alegada mão de Possignolo, também. Manteve o critério ao nível das faltas ao longo do jogo e procurou não dar amarelos a torto e a direito.
Há que dar mérito ao Portimonense pela forma como se aguentou quase uma hora de jogo, apesar do estilo menos apelativo, e causou calafrios ao campeão nacional, mas o Sporting melhorou muito na 2ª parte e ainda mais depois da expulsão. A asa esquerda foi um perigo constante.
Mérito para o Portimonense, mas na 1ª parte houve também demérito na falta de opções e ideias do Sporting para tentar furar o bloco fechadíssimo algarvio. A resposta chegou ainda a tempo na 2ª parte e a surpresa do Portimonense não passou de um susto.