Entre o precisar e o poder, o clássico acabou amarrado no nulo. O FC Porto fez sempre mais para ficar com os três pontos em casa, e com isso reabrir a luta pelo título, mas o líder Sporting, calculista e embalado num contexto pontual favorável, saiu do Dragão com a mesma vantagem com que entrou, mas com menos uma jornada rumo ao tão aguardado título.
A primeira parte do clássico teve pouco de «jogo grande»; e teve ainda menos protagonismo junto das balizas. Marchesín e Adán viram a bola quase sempre à distância, e seguramente não a viram com perigo à própria segurança. Faltou muito jogo de área e, quando por lá passou, faltou quase sempre capacidade de transformação em ocasiões de golo.
Dos primeiros 45 minutos, o mais parecido com perigo saiu de um remate de Taremi prensado em Coates (34'), depois de uma recuperação em pressão alta por parte dos dragões; antes disso, um cruzamento/remate de Manafá, que Adán viu passar longe da baliza.
Foi isto, durante o primeiro tempo, onde, ainda assim, a equipa de arbitragem (VAR incluído) esteve mal aos 18 minutos, quando Taremi seguia isolado para o duelo com Adán e acabou empurrado por Gonçalo Inácio. A falta existiu e podia valer a expulsão ao defesa leonino, não tivesse o lance sido interrompido devido a fora de jogo; mal, como as imagens televisivas viriam a provar.
O primeiro quarto de hora da segunda parte trouxe bem mais entretenimento do que a primeira metade, muito por culpa do FC Porto. O que não tinha sido conseguido até então, apareceu depois do descanso. Zaidu deu o mote, com um remate potente a passar perto da baliza leonina (47'); Marega foi atrás e atirou por cima, depois de rodar sobre Fedal (51').
Os leões melhoraram, conseguindo segurar mais tempo a bola em seu poder. E com Coates e Fedal assertivos, houve até espaço para aventuras ofensivas. E não fosse o remate ligeiramente por cima de Matheus Nunes, aos 73', e a equipa de Rúben Amorim podia mesmo ter ficado a vencer no Dragão.
Na resposta, o FC Porto voltou a ser muito perigoso, mas Taremi atirou por cima depois de um trabalho excecional de Manafá. O ponta de lança dos dragões foi, de resto, o mais perdulário e infeliz, mesmo quando aos 83' esteve perto de fazer um golo de antologia; a bicicleta, perfeita na execução, levou a bola a sobrevoar a baliza de Adán. Seria o último sinal de perigo da partida.
A ocasião está longe de entrar na categoria de «O melhor», mas a memória de quem partiu cedo demais é um gesto que terá sempre de ser ressalvado. O FC Porto não se esqueceu de Alfredo Quintana e preencheu grande parte de uma das bancadas com o nome do guarda-redes de andebol, que faleceu aos 32 anos.
É já um clássico e ninguém duvida que faz parte da estratégia do FC Porto para exercer pressão sobre os restantes intervenientes do encontro. A cada lance mais ríspido, a cada decisão desfavorável da equipa de arbitragem, o banco portista saltou que nem uma mola. No total, foram 11 vezes, total ou parcialmente, que os que estavam de fora se levantaram para protestar.