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    Tom Finney: O Canalizador de Preston

    Texto por João Pedro Silveira
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    Nature is full of genius, full of the divinity; so that not a snowflake escapes its fashioning hand” (1)

    – Henry David Thoreau

    Thomas Finney, conhecido dentro e fora de campo como Tom Finney, é um dos mais brilhantes jogadores ingleses de todos os tempos... Dele disse um dia Stanley Matthews, o mais brilhante dos seus contemporâneos, que se podiam contar pelos dedos de uma mão os jogadores que tinham qualidade suficientes para controlar sempre um jogo: Pelé, Maradona, Di Stéfano, Best e Finney.

    Tom Finney ao serviço do Preston North End, um amor de uma vida.
    Marcou uma era no futebol, num tempo em que havia o verdadeiro amor à camisola. Finney, é um expoente máximo desse amor à camisola, tendo vestido apenas duas na sua carreira, sendo curiosamente ambas de cor brancas.

    Jogou toda a sua carreira no Preston North End, um amor de uma vida inteira, onde ao serviço do qual, foi eleito por duas vezes o melhor jogador do futebol inglês (em 1954 e 1957). Além de jogar nos lilywhites (2), Finney também brilhou ao serviço da seleção inglesa, com quem disputou três campeonatos do Mundo (1950, 1954 e 1958).
     
    Porém, apesar de toda a sua classe e importância no clube e na seleção, acabou por nunca conquistar um único troféu, o que se torna uma mancha numa carreira que marcou a história do futebol inglês e europeu.
     
    Começo adiado
     
    Nasceu em Preston, no noroeste de Inglaterra, a 5 de abril de 1922, bem próximo do Estádio Deepdale onde jogaria grande parte da sua carreira, na casa do clube local, o Preston North End. A proximidade do Estádio marcou a infância do pequeno Tom, que cresceu habituado a ver as multidões nos dias dos grandes jogos.
     
    Desde tenra idade que mostrou uma habilidade rara para jogar futebol, contudo o seu pai, insistiu para que aprendesse o ofício de canalizador, de onde ganharia a alcunha de «o canalizador de Preston» [Preston Plumber]. Trabalhou na empresa familiar, sem nunca desistir do sonho de jogar futebol. O começo da II Guerra Mundial impediu-o de prosseguir a carreira profissional, limitando-se a participar em jogos de exibição ou pequenos torneios, como um célebre Southampton x Arsenal, em que jogando pelos saints, ajudou a equipa a bater os gunners por 3x1.
     


    Ainda em 1942 foi chamado para cumprir o serviço militar nos Royal Armoured Corps (RAC), onde serviu no VIII exército, estacionado no Egito, sob as ordens do herói de guerra, General Bernard Montgomery. Após a expulsão das tropas do Eixo do Norte de África, lutou ainda na invasão e conquista da Itália, sempre a conduzir blindados. 
     
    Finalmente a carreira...
     
    Terminado o conflito, voltou para a sua Preston, onde casou com a sua namorada de longa data, Elsie Noblett, sua fiel companheira até à morte dela, vítima da doença de alzheimer em 2004.
     
    Estreou-se com a camisola dos lilywhites em agosto de 1946, contava então 24 anos. De tal maneira teve impacto no futebol do Preston que foi convocado para a seleção ainda no mesmo ano, na primeira das suas 76 internacionalizações, onde apontou trinta golos, um recorde que só seria superado, anos mais tarde por Bobby Charlton. No ano seguinte, estaria presente na histórica vitória por 0x10 sobre Portugal.

    The Splash: considerada a foto desportiva do ano em 1956, tirada durante um Chelsea x Preston em Stamford Bridge (em cima). Em 2004, os adeptos do Preston resolveram homenagear o seu herói com uma réplica do momento, com esta estátua que se encontra à frente do Deepdale Stadium. (em baixo)
    Fez parte da primeira geração de jogadores ingleses que jogaram no Campeonato do Mundo, uma vez que a Inglaterra até a Guerra, recusara-se a participar na competição, considerando-se superior ao resto do Mundo.
     
    Finney fez parte da humilhante participação no mundial de 1950 no Brasil, onde os ingleses sofreram uma inesperada derrota com os amadores dos Estados Unidos (0x1).
     
    Em 1954 a Inglaterra venceria o seu grupo, mas acabaria vencida nos quartos de final, pelo campeão do Mundo Uruguai (4x2). Quatro anos mais tarde, três empates em outros tantos encontros, custaram uma eliminação precoce. Antes do mundial, participara na pesada derrota (7x1) sofrida pela Inglaterra em Budapeste, a pior derrota inglesa de todos os tempos. 
     
    Ás dos Lilywhites
     
    No seu Preston North End, jogaria até aos 38 anos, apontando 187 golos em 433 jogos, nunca aceitando nenhuma proposta para jogar por outro clube. Com o Preston disputou uma final da Taça, perdida para o West Bromwich Albion por 3x2, conseguindo no Campeonato, dois segundos e um terceiro lugar.
     
    O seu papel no modesto Preston era de tal maneira preponderante, que corria uma anedota que Finney devia ficar isento de pagar impostos, por culpa dos dez dependentes que viviam à sua custa todos os domingos... 
     
    Com 41 anos, acedeu ainda ao convite dos norte-irlandeses do Distillery para defrontar o Benfica num jogo da Taça dos Campeões Europeus, naquele que foi o adeus definitivo do Preston Plumber ao desporto-tei. Para a história ficou um dos mais elegantes jogadores de sempre, que o mestre Bill Shankly considerou que Finney era tão bom que «teria lugar em qualquer equipa, em qualquer era, ou em qualquer jogo... mesmo que jogasse com um sobretudo
     

     

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    (1) - “A Natureza está repleta de génio, cheia de divinidade; ao ponto de nem um floco de neve lhe escapar à sua mão criadora." – Henry David Thoreau
    (2) - Lírios Brancos, em referência ao equipamento branco do clube.

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    Fotografias(2)

    Deepdale

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