Entre o Mundial de 1994 e o Euro 96, onde Portugal já marcou presença, outros se juntaram ao trio, com óbvio destaque para Luís Figo e Vítor Baía.
Príncipe em Florença
Entretanto, na «Cidade dos Médici», Rui Costa formava uma parceria de sucesso com o argentino Gabriel Batistuta. Mas se é verdade que o encontro dessa dupla estava certamente escrito nas estrelas, não deixa de ser verdade que o destino mais provável de Rui Costa, era o FC Barcelona, de Johan Cruyff.
Na Toscânia, o seu futebol perfumado e as assistências para Batigol, tornaram-no no novo Príncipe do clube e da cidade, numa homenagem a fazer recordar o «monumento» de Nicolau Maquiavel, escrito e publicado na mesma cidade. Adorado pelos viola tornou-se um herói do clube e das suas gentes.
Sete anos a encantar as bancadas do Artemio Franchi com a camisola viola e, de permeio, uma visita a Lisboa que selou definitivamente o amor com a massa associativa benfiquista. Num jogo de apresentação da nova época, marcou um golo à sua equipa e desfez-se em lágrimas. O seu choro correu mundo e calou fundo na alma benfiquista. Rui Costa era o filho pródigo que um dia era preciso fazer voltar a casa...
Maestro em Milão
Com a crise a chegar a Florença, Rui Costa aproveitou para «fugir» para o AC Milan. Há anos que o clube milanês namorava o médio, mas o internacional português fora fiel ao clube viola, mesmo ciente que as limitações do clube o impediam de atingir voos mais altos e as tão desejadas conquistas.
O amor à Fiorentina falou sempre mais alto, até que os dirigentes florentinos perceberam que não podiam impedir que a sua estrela se juntasse aos rossoneri.
«Il maestro» vestiu a camisola «dez» de um clube mítico. Reverenciado pelos adeptos e elogiado pela crítica, estava finalmente a jogar num clube que lhe permitia conquistar qualquer troféu.
O Desejado
Em Lisboa, há muito que se suspirava pelo regresso do filho pródigo. As constantes passagens por Portugal, para defender a camisola das quinas, as entrevistas na imprensa em que fazia juras de amor ao clube da Luz, tudo ajudava a reforçar a ideia de que o regresso era desejado por ambas as partes.
A oportunidade de resgata-lo a Itália estava na cabeça e no discurso dos diversos presidentes que passaram pela Luz: Manuel Damásio, que o vendeu, e Vale e Azevedo, que o acenou como bandeira de campanha, mas também Manuel Vilarinho e, por fim, Luís Filipe Vieira, o que finalmente encontrou uma janela de oportunidade, quando se tornou óbvio que Rui Costa perdera o papel no Milan, que então se rendia ao génio de Kaká.
Insatisfeito, o «Maestro» aceitou o repto dos encarnados e uma redução do salário para vestir a sua camisola de sempre. O regresso a casa confirmava-se, os títulos contudo voltaram a escapar...
De Lisboa a Berlim
Ao longo da sua carreira teve muitos momentos de destaque na seleção, começando novo a brilhar com a camisola das quinas, ainda nos escalões mais jovens, pela mão do «Projeto Queiroz». Apesar de ter falhado a presença no Mundial de Sub-17 na Escócia (1989), já era uma peça fundamental na equipa lusa no Mundial de 1991 de Sub-20, que se disputou em Portugal.
Nas meias-finais, na Luz, apontou um golo de outro Mundo, que eliminou a Austrália. Na final, novamente na Luz, marcou a grande penalidade decisiva que deu o bicampeonato aos portugueses. Pouco depois, já jogava na equipa A, onde se estreou pela mão de Carlos Queiroz, num jogo contra a Suíça, a contar para a qualificação para Mundial de 1994.
Em Inglaterra, Portugal foi eliminado por culpa do chapéu de Karel Poborsky, as expectativas caíram por terra, mas a «Geração d´Ouro» prometeu voltar a uma grande competição em breve. A qualificação para o Mundial de França, em 1998, acabou por marcar o momento mais negro da carreira de Rui Costa. Em Berlim, frente à Alemanha, Portugal vencia por 0x1 com um golo de Pedro Barbosa e dava um passo decisivo rumo ao Mundial, quando Artur Jorge resolve substituir Rui Costa. Este caminha lentamente para ser substituído e o francês Marc Batta puxa do cartão amarelo, o segundo para o médio português, que assim é expulso e, incrédulo, sai do campo em lágrimas, enquanto assiste ao empate de Ulf Kirsten e ao fim do sonho lusitano...
Holanda e Coreia
Recuperados da desilusão, os portugueses qualificaram-se para o Euro 2000, onde Rui Costa foi, juntamente com Nuno Gomes, Figo e João Vieira Pinto, um dos grandes destaques da prova. Portugal venceu o «grupo da morte» só com vitórias e vingou-se da Alemanha com um claro 3x0.
A tristeza chegaria com a eliminação nas meias-finais, culpa da mão de Abel Xavier e da superior conversão de Zinedine Zidane. Seguiu-se o Mundial da Coreia e Japão, onde Portugal chegou como um dos favoritos, caíndo com estrondo num grupo com Estados Unidos, Coreia do Sul e Polónia.
Rui Costa foi suplente e não se coibiu de protestar contra a titularidade do amigo João Vieira Pinto. Oliveira manteve a aposta no «Menino d´Ouro» e o ambiente azedou na Seleção. Portugal voltou para casa cedo e Rui Costa marcara um golo, na goleada sobre os polacos.
A chegada de Deco
Tal como no Milan, também na Seleção a estrela de Rui Costa começava a empalidecer. Aos poucoss, Luiz Filipe Scolari apostava no portista Deco e Rui Costa começava a ver o seu lugar posto em causa na seleção.
O então milanês nunca mais voltaria a ser titular na Seleção. Entrou no jogo contra a Rússia e marcou o segundo golo. Foi fundamental no jogo com os ingleses, entrando perto do fim, mas ainda a tempo de apontar o segundo golo, já no prolongamento. Um golo capaz de levantar um Estádio, novamente na Luz. Portugal venceu nos penáltis, já sem as luvas de Ricardo e a festa continuou nas meias-finais em Alvalade.
A 4 de Julho, a «tragédia grega»
Na véspera da grande final, Rui Costa, que não jogara contra a Espanha e a Holanda, temendo a possibilidade de não jogar a grande final, deixa cair a bomba numa conferência de imprensa, anunciando que abandonava a Seleção depois da final, deixando Scolari com a «batata quente» na mão.
O «Sargentão» não cede e a titularidade vai para Deco. Portugal volta a não se dar com o jogo dos gregos e sofre um golo aos 57 minutos. Rui Costa sai logo do banco para o lugar de Costinha, mas Portugal não marca e perde a final em casa. A Luz talismã, transformava-se no palco do maior pesadelo da historia do futebol nacional, Rui Costa abandonava a seleção com uma medalha de prata ao peito...